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Política & Poder

“Se o protocolo fosse seguido à risca, não teríamos os atos de 8 de Janeiro”, afirma Torres

Após prestar depoimento para a CPMI do Congresso, o ex-secretário de Segurança Pública do DF foi ouvido na CPI da CLDF

Camila Bairros

10/08/2023 12h24

Foto: Reprodução/CLDF

Na manhã desta quinta-feira (10), Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do DF, prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que investiga os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, quando vândalos invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF.

O ex-secretário já foi ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso na última terça-feira (8), quando afirmou não ter ciência dos atos e, por isso, ‘viajou com a consciência tranquila‘.

Anderson começou seu depoimento lembrando aos presentes e ao público que o assistia que sua presença era facultativa, mas, mesmo assim, ele fez questão de estar presente.

Logo foi questionado sobre a prisão de Silvinei Vasques, que era o diretor da Polícia Rodoviária Federal e foi preso ontem, acusado de interferir no processo eleitoral do segundo turno das eleições do ano passado. “Nunca determinei ou sugeri qualquer interferência no processo eleitoral. Eu não tinha atribuição de vetar ou impor o planejamento operacional de qualquer instituição”, disse Torres.

Além disso, ele fez questão de afirmar que sempre reprimiu a compra de votos e demais crimes eleitorais, nunca tendo questionado o resultado das eleições. Torres disse ter sido o primeiro ministro a receber a equipe de transição do novo governo após a vitória de Lula (PT).

Acampamentos

“Nunca houve omissão de minha parte quando aos acampamentos em frente ao QG. Quando assumi como secretário, minha primeira ação foi tratar do desmonte. No dia 6 de janeiro, tivemos reunião para tratar da retirada total do acampamento, que ficou marcada para o dia 10, com a ajuda da SEDES (Secretaria de Desenvolvimento Social)”.

Torres disse que tudo transcorria normal até a noite de 6 de janeiro. “Não tínhamos qualquer informação de que haveria vultuosas ações radicais em 8 de janeiro, mesmo assim, criamos o PAI, o Protocolo de Ações Integradas, que seria colocado em ação nos mínimos detalhes. Cabe ressaltar aqui, se o protocolo fosse reguido à risca, seríamos poupados dos lamentáveis atos do dia 8 de janeiro”, completou.

De acordo com ele, o protocolo previa o fechamento da Esplanada dos Ministérios e o isolamento da Praça dos Três Poderes, além da proibição da utilização por manifestantes de objetos capazes de produzir danos ao patrimônio.

Chico Vigilante, presidente da CPI, perguntou quais foram as medidas tomadas quando os policiais federais foram expulsos do acampamento, no dia 21 de dezembro do ano passado. Torres disse que a SSP-DF já estava tentando retirar os manifestantes do local, porém, recebeu uma negativa do Exército. “Foi uma situação delicada. Os militares ajudaram na retirada dos policiais do acampamento”, afirmou o ex-ministro.

Viagem

Questionado sobre a viagem para os Estados Unidos, Torres disse que as passagens estavam compradas desde novembro, e que já teria avisado Ibaneis Rocha sobre ela antes mesmo da posse como secretário da SSP-DF. “Não havia qualquer indício de invasão. Se eu tivesse recebido qualquer informação, não teria viajado”, revelou.

Ele ainda disse que assim que tudo aconteceu, tratou de voltar o mais rápido possível. Ele chegou ao Brasil no dia 14 de janeiro e logo foi preso.

“Eu nunca me neguei a cooperar, e estou disposto a ajudar como posso para que os repugnantes atos do dia 8 sejam esclarecidos”, disse o ex-secretário.

Vigilante mostrou vídeo do depoimento de Fernando de Souza Oliveira, que era o secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública (SSP) durante os atos terroristas do dia 8 de janeiro, ocupando o cargo de Torres durante sua viagem. Sobre a fala do colega de trabalho, Anderson apenas falou que “Fernando sabia de tudo e estava em contato constante com o governador Ibaneis Rocha”.

“Havia uma célula de inteligência montada com as forças de segurança, a PM, a PCDF. o Detran… se o PAI fosse cumprido, já era suficiente”, completou.

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