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Política & Poder

‘Sem enfrentamento ao racismo, democracia não é possível’, diz advogada negra após ler carta no Recife

Barone também afirmou que vê risco de um golpe de Estado caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja derrotado

FolhaPress

11/08/2022 14h01

José Matheus Santos
Recife, PE

A advogada Vera Barone, 77, foi a primeira a ler a carta em defesa da democracia na Faculdade de Direito do Recife, na manhã desta quinta-feira (11).

Vera é ativista dos direitos humanos e, como mulher negra, avalia que a defesa pela democracia também deve estar atrelada ao enfrentamento ao racismo.

“Fiquei emocionada por ter sido escolhida, como mulher negra, para fazer a abertura da carta, porque o Estado brasileiro tem um débito enorme com a população negra e parda. Se quisermos fazer do país um Estado verdadeiramente Democrático de Direito, a primeira coisa é enfrentar o racismo. Sem isso, jamais a democracia será possível”, disse.

Barone também afirmou que vê risco de um golpe de Estado caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja derrotado e não aceite o resultado nas eleições presidenciais de 2022. Ela contou que foi presa com um grupo de amigas na Ditadura Militar.

“Fui presa (na ditadura) porque estava num grupo de jovens como eu fazendo a leitura do evangelho. Fomos presas pelo Exército brasileiro, conduzidas para o DOPS, e, se não fosse Dom Helder Câmara, possivelmente eu não estaria aqui.”

Dom Helder Câmara (1909-1999) foi arcebispo de Olinda e Recife. Ele era uma das principais vozes contra o regime militar na Igreja Católica.

O DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) era um instrumento de repressão usado pelos militares contra opositores na ditadura. Nesses locais, eram comuns as práticas de tortura, execuções e prisões de adversários do regime.

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