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Política & Poder

Quebra de sigilo dá indícios de que “rachadinha” ocorria também no gabinete de Bolsonaro

Enquanto era deputado, Bolsonaro teria empregado, por um ano e dois meses, a irmã de sua ex-esposa, e ela não teria ficado com os salários. Carlos também é suspeito do mesmo crime

Willian Matos

15/03/2021 7h53

Foto: Roberto Jayme/TSE

Quebras de sigilos bancário e fiscal mostram que Flávio Bolsonaro não é o único da família suspeito de praticar “rachadinha”. Há indícios de que o presidente Jair Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro também cometiam os crimes em seus gabinetes, quando eram deputados e, no caso de Carlos, vereador.

A informação é do portal UOL, que teve acesso às quebras de sigilo em setembro do ano passado e analisou os dados. Segundo o site, Bolsonaro empregou em seu gabinete sua ex-cunhada, Andrea Siqueira Valle. Um ano e dois meses depois, Andrea deixou o cargo, e a ex-esposa de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, ficou com todo o dinheiro.

Outro indício de que havia desvio de dinheiro no gabinete do hoje presidente é que quatro funcionários que trabalharam para Bolsonaro sacaram 72% dos salários em dinheiro vivo. A prática é comum na “rachadinha”, já que, no crime, o funcionário tem de devolver o dinheiro ao parlamentar.

Com Carlos Bolsonaro, as quebras de sigilo mostram ações semelhantes. Quatro funcionários do vereador sacaram 87% dos salários. O Ministério Público do Rio (MPRJ) apura ainda a existência de “empregados fantasmas”.

A família Bolsonaro não havia se pronunciado até a última atualização desta matéria.

Casa de R$ 6 mi

A denúncia de rachadinha é mais um dos escândalos envolvendo a família Bolsonaro. Flávio, que foi o primeiro a ser denunciado pelo crime, ganhou holofotes no último dia 1º após comprar uma casa de R$ 6 milhões no Lago Sul, no Distrito Federal. O hoje senador é acusado de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A aquisição do imóvel foi noticiada no mesmo dia em que o Superior Tribunal de Justiça retirou da pauta recursos da defesa de Flávio que podem anular toda a investigação sobre as “rachadinhas” na Alerj. Ele é acusado de comandar esquema que teria desviado R$ 6,1 milhões — quase o preço exato da mansão comprada no Lago Sul.

O relator do caso das “rachadinhas” no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Felix Fischer, retirou da pauta de julgamento dois recursos da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que podem levar à nulidade total da investigação. A análise dos recursos estava prevista para ocorrer no último dia 1º, em sessão do colegiado. Agora, o julgamento está adiado por tempo indeterminado.

Além de questionar a quebra de sigilo e o Coaf, a defesa de Flávio pede a anulação de todas as decisões do juiz Flávio Itabaiana, da 27.ª Vara Criminal do Rio, que conduziu as investigações na primeira instância. Em junho do ano passado, o Tribunal de Justiça fluminense concedeu foro ao senador e o caso foi transferido para a segunda instância. Segundo o Estadão apurou, esse terceiro recurso também será acolhido por Noronha.

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