Eric Zambon
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Alexandre Guerra (Novo) acredita que chegou o momento da ruptura. Tanto dos nomes que integram os Poderes quanto da maneira de executar os projetos. Ele reconhece que existem boas iniciativas a serem aproveitadas, mas critica o “loteamento de cargos públicos” que, segundo ele, dificultam a execução das boas ideias. “Talvez meu plano seja o único que prevê cortes de despesas não essenciais”, se orgulha. Mesmo sendo novato em pleitos eleitorais, ele ainda liga a metralhadora contra os concorrentes e chama a todos de velhos.
Você diz que quer tornar públicos os objetivos e números das secretarias de governo. Quer fazer uma espécie de portal da transparência para cada uma?
Essa liberação de dados já existia e foi interrompida. É fazer valer a Lei de Acesso à Informação, não apenas mostrando os dados de interesse do governo, mas mostrando os processos administrativos, mostrando as metas, o orçamento de cada pasta, e abrir a base de dados para todo mundo.
Outra coisa que seu programa de governo diz é que você vai otimizar o uso imoveis públicos. Aqui no DF temos um Centrad, que é um elefante branco do tamanho do Mané Garrincha, nunca foi utilizado, mas custou milhões e está aí. Há como reaproveitá-lo?
O Centrad é um problema grande que precisa ser solucionado. Eu fui contra a realização e execução desse projeto, que foi construído por meio de PPP (Parceria Público-Privada), mas o governo anterior construiu e fez um acordo para ocupar. Existe uma questão judicial em segredo de justiça, porém se conseguirmos chegar a um acordo entre as partes envolvidas para termos um custo de ocupação perto do que temos hoje será benéfico fazer a mudança. Teremos todas as secretarias no mesmo ambiente e teremos o poder público perto da população que vive nesse triângulo de Ceilândia, Samambaia e Taguatinga.
Seu plano de mobilidade fala na integração de transporte com as regiões que nos cercam. Como fazer isso quando já houve tantas promessas a respeito?
Foi licitado no governo Agnelo uma nova parceria com a iniciativa privada, através de concessão das linhas do transporte público no DF. Antigamente, havia ligação de ponta a ponta da cidade. Com a criação dos corredores, foi-se criado um transporte mais inteligente com os eixos de escoamento conectando com o centro. Foi legislado da forma correta, mas não foi bem implantado.
Por que você acha que as boas ideias nunca são devidamente executadas? No seu programa, você cita vários projetos que já foram criados mas nunca devidamente implantados, como o Jovem Candango.
Esse é o grande problema do governo: incapacidade de gestão. Vemos boas intenções e sucesso dentro do planejamento das ações tomadas. Você citou o Jovem Candango, mas tem o médico em família, da Saúde. É um modelo de desospitalizar a população e faz sentido, mas não se consegue executar da forma efetiva, porque o poder público é tomado de cargos políticos onde as pessoas querem ganhar para si em cima dos programas.
Estamos também no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e não podemos gastar muito mais com pessoal. Uma das suas metas fala em contratar para a Saúde e inaugurar novas unidades. Como reoxigenar a Saúde tendo essa limitação?
A única área que prevemos contratação é a Saúde, porque realmente não tem como implantar com eficiência os programas de forma eficaz, como as Upas, se não houver mais médicos, então é inevitável. É preciso cortar gastos para fazer a contenção (de despesas). Talvez meu plano seja o único que preveja cortes de despesas não essenciais. Estamos prevendo reduzir em 50% o número de comissionados. Só com a economia de R$ 50 milhões que isso deve gerar, daria para contratar mais médicos. É isso que vamos fazer.
Quando se fala em cortar comissionados, isso não cria a ideia de perder empregos? Nem todo comissionado é indicação política. O seu programa de geração de empregos complementaria esse tipo de perda?
Uma coisa é diferente da outra. O poder público não pode empregar para reduzir desemprego. Esse emprego não gera riqueza, ele consome riqueza. Um dos 30 compromisso que registrei foi reduzir de forma progressiva todo o aumento de impostos do governo Rollemberg. Temos que fazer o empresário crescer para gerar emprego. Outra coisa importante é reativar o investimento do setor de incorporação e construção. Os projetos estão parados na mesa do burocrata por falta de iniciativa. Se reativarmos isso, vamos ter de novo as pessoas entrando no mercado, assim vai gastar-se mais no comércio e teremos de novo a economia girando.
Você fala de cortar os aumentos de impostos. Só que tivemos o aumento nas passagens de ônibus, que são subsidiadas em parte pelo governo para cobrir as gratuidades, sob a justificativa da redução do déficit. Como anular isso sem gerar perdas?
Realmente , o custo das passagens não arcam com o custo do transporte, então há pontos a se analisar. O transporte do DF vai ser naturalmente mais caro que qualquer outro lugar, porque temos uma ocupação urbana horizontal que dificulta a eficiência do transporte público. A falta dos corredores, como o da EPTG, tornam o sistema mais caro e ineficiente. Então se resolvermos esses problemas, conseguimos baratear o custo do transporte e vamos diminuir o repasse que deve ser feito às empresas.
Um dos modelos que chamam atenção no seu plano para a Educação é o Ensino Médio à distância. Como isso funciona e onde já funciona?
Já funciona em várias partes do mundo. Tem que saber se o aluno tem ambiente em casa para a aprendizagem, mas precisamos testar outros modelos e que podem baratear muito a educação. Outra coisa que o plano prevê que que vai ser implementada mais rápido é o ensino médio técnico. Já é uma nova diretriz do governo federal, dentro da reforma do ensino médio, e já tivemos isso no passado, mas sumiu por causa das ideologias erradas no MEC.
Por que acha que, nesse momento, pode haver uma mudança tão grande na preferência popular a ponto de adotarem o Novo?
A população quer. Não vê como a população demoniza a política? A população não vê alternativa porque os partidos são sujos. É um sistema amplo com vários agentes.