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Política & Poder

‘O povo senta-se comigo nessa cadeira’, diz primeira ministra negra do TSE

Ministra falou sobre desigualdade estrutural de oportunidades para mulheres negras. “Nós, negras, somos apenas 5% da magistratura nacional

Redação Jornal de Brasília

28/09/2023 14h12

Foto: Agência Brasil


SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

Primeira ministra negra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edilene Lôbo fez história ao participar nesta quinta-feira (28) de sua primeira sessão plenária da Corte. Em discurso, ela destacou a necessidade de vencer desigualdades de gênero e raça.

Ministra declarou que ocupar cadeira é, ao mesmo tempo, “orgulho e responsabilidade”.

“Esse lugar não é só meu, não é só de uma pessoa. Este lugar e esta missão são a um só tempo resultado e ponto de partida de lutas históricas de grupos minorizados para vencer a herança estrutural de desigualdade de oportunidades que precisa ser superada em nossa nação”, disse.

Ministra falou sobre desigualdade estrutural de oportunidades para mulheres negras. “Nós, negras, somos apenas 5% da magistratura nacional, havendo apenas uma senadora autodeclarada negra, portanto menos de 1% do Senado; 30 deputadas, o que corresponde a cerca de 6% da Câmara Federal.

Mulheres negras ocupam 3% dos cargos de liderança no mundo corporativo, mas são 65% das empregadas domésticas”, disse.

“Quero agradecer a todas as pessoas que colaboraram nessa conjunção de energias, me lembrando das pequeninas meninas negras de minha infância, em Taiobeiras. É de lá que trago o sonho de que podemos mais. O povo pobre, que resiste há séculos e luta pelo resgate de sua história, esperançando, senta-se comigo nessa cadeira”, afirmou.

“Brasil tem todas as condições de dar um passo a frente para mudar realidade de sub-representação feminina em cargos eletivos”, disse ela, cobrando do Judiciário um “olhar sensibilizado” para questões de gênero e raça.

Lôbo assumiu a cadeira hoje ao substituir o ministro titular André Ramos Tavares.

Fala da ministra acontece pouco antes da aposentadoria da ministra Rosa Weber do STF. Grupos progressistas têm se mobilizado para que o presidente Lula (PT) indique uma mulher negra para substituí-la.

Presidente, no entanto, disse que “gênero e raça” não serão critérios para escolha. “O critério não será mais esse raça ou gênero. Eu estou muito tranquilo, por isso que eu estou dizendo que eu vou escolher uma pessoa que possa atender aos interesses e expectativas do Brasil, uma pessoa que possa servir o Brasil. Uma pessoa que tenha respeito com a sociedade brasileira”, disse.

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