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Vinhos e Vivências
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Nasce a UOVO, primeira empresa do Sul do país a produzir ovos de concreto para a indústria vinícola

Saiba por que os tanques de concreto são importantes para o setor de vinhos do país

Cynthia Malacarne

29/09/2023 5h00

Atualizada 28/09/2023 13h30

Foto: Wagner Meneguzzi/Divulgação

Com a evolução da indústria vinícola no Brasil, surge a necessidade de produção de produtos nacionais para atender esse mercado. Assim, já temos empresas que produzem barricas de carvalho e tanque de aço inoxidável. Agora, surge a UOVO, primeira empresa a produzir ovos de concreto para fermentação de vinhos.

A UOVO traz na bagagem a expertise de 44 anos no ramo de concreto e de mais de duas décadas de trabalho com tintas minerais por meio da atuação dos diretores em empreendimentos localizados na Serra Gaúcha. A empresa nasce em Bento Gonçalves-RS com a proposta de ser uma alternativa para empreendimentos do setor que buscam processos de elaboração especiais, com os benefícios que o formato e o material utilizado na fabricação proporcionam à bebida. Os estudos de desenvolvimento da UOVO tiveram início em 2021. Para dar vida à ideia, foram investidos cerca de R$ 500 mil.

“Os tanques de concreto em formato oval são usados para elaborar vinhos com as características que realçam as qualidades de cada variedade. O setor vinícola está sempre em busca do equilíbrio entre o tradicional e o moderno, e os tanques de concreto neste formato são uma ferramenta a mais neste processo de evolução constante”, destaca a diretora da UOVO, Paula Grazia Reginato. Paula cita como vantagens da empresa a proximidade geográfica com a principal região vitivinícola do país, o pós-venda e o valor final, que deverá ficar abaixo dos concorrentes importados.

Foto: Wagner Meneguzzi/Divulgação

A importância dos ovos de concreto para o vinho

A funcionalidade do concreto como recipiente de fermentação fica em algum lugar entre a das barricas de carvalho e dos tanques de aço inoxidável. Os fermentadores de concreto como o aço inoxidável são neutros, o que significa que não conferem nenhum sabor ao vinho. As paredes espessas dos fermentadores também estabilizam as temperaturas, o que é fundamental durante a fermentação.

Uma das características dos tanques ovalares é o acabamento em tinta mineral, justamente o que garante a porosidade e a troca lenta e gradual de oxigênio com a parte externa, como explica o diretor técnico da UOVO, Adelar Luiz Silvestro.

Alguns produtores de vinho acreditam que o concreto pode suavizar a textura do vinho da mesma forma que um barril, ou que pequenas quantidades de oxigênio podem penetrar no concreto. Além disso, como os tanques de concreto não possuem cantos nem bordas, o vinho se movimenta de forma constante no interior oval do recipiente, facilitando o movimento de gases de fermentação e/ou sedimentos. Outros benefícios são: a manutenção da temperatura interna constante e a porosidade do material, que proporciona a micro-oxigenação lenta e gradual.

Dessa forma, ao expor os vinhos a baixos níveis de oxigênio, a bebida começa a envelhecer gradativamente, desenvolvendo mais sabor, suavizando os taninos e melhorando a sensação na boca. Os vinhos envelhecidos no ambiente inerte e sem ar do aço inoxidável demoram muito mais tempo a atingir níveis de envelhecimento semelhantes.

Sócios Pedro Antônio Reginato, Paula Grazia Reginato e Adelar Silvestro. Foto: Wagner Maneguzzi/Divulgação

O primeiro vinho elaborado nos tanques da UOVO é um Merlot safra 2022 da Vistamontes, de Bento Gonçalves-RS. O vinho ficou armazenado por nove meses nos ovos de concreto, o que fez com que exaltasse a fruta e o frescor típicos de uma das castas que mais se adaptou ao terroir da Serra Gaúcha. De acordo com o enólogo da empresa, Anderson De Césaro, o concreto trouxe uma mineralidade especial ao vinho.

O enólogo destacou que outro motivo que fez com que a empresa vinificasse nos tanques em formato oval é pelo fato de ser um recipiente neutro e durável. De Césaro acrescenta que a micro-oxigenação preserva o caráter frutado do vinho, deixando-o limpo e íntegro tanto no visual como no paladar.

Foto: Cynthia Malacarne

Vem aí o 13º concurso dos espumantes nacionais

Anualmente, a Associação Brasileira de Enologia (ABE) realiza a eleição dos melhores espumantes nacionais. Em 2023, o número de espumantes elaborados em outras regiões do Brasil, além do Sul, mudou: foram inscritos 505 espumantes, por 93 vinícolas de oito estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Os rótulos foram avaliados por 54 especialistas, divididos em sete júris.

“Estamos avançando pelo Brasil, o que nos deixa muito felizes e motivados a seguir atraindo mais amostras e novas vinícolas. O concurso é a maior vitrine da bebida e este é o nosso propósito: promover o espumante brasileiro”, destaca o presidente da ABE, enólogo Ricardo Morari.

As avaliações ocorreram nesta quarta (27) e quinta-feira (28), em Garibaldi-RS, capital brasileira do espumante. Enólogos, sommeliers, jornalistas e escritores integram o painel de degustadores da 13ª edição. Foram 12 horas de degustação às cegas, seguindo normas internacionais estabelecidas pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).

O concurso avalia espumantes naturais, provenientes de uvas vitis viníferas, obtidos a partir dos diferentes métodos, que estejam sendo comercializados normalmente pelas empresas nas categorias: espumantes de segunda fermentação (charmat e tradicional) e espumantes de primeira fermentação (moscatéis). São premiados os espumantes mais bem classificados por categoria, respeitando o limite de 30% dos inscritos conforme normas internacionais. O resultado será anunciado hoje (29), em um jantar de premiação. Assim, na coluna da próxima semana, irei trazer o resultado com a lista dos espumantes mais premiados.

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