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Política & Poder

Na mira da CPI, reverendo pode ser convocado

E-mails mostram que o reverendo foi autorizado a comprar 400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca três vezes mais caras

Geovanna Bispo

05/07/2021 16h49

Foto: Agência Senado

O senador e vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou um pedido para que o reverendo Amilton Gomes de Paulo e o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Monteiro Cruz, fossem convocados à depor na Comissão. Além dele, o senador Alessandro Vieira (Cidadania) pediu para que os registros telefônicos, fiscais, bancários e telemáticos de Amilton também fossem disponibilizados aos senadores.

No último sábado (3), o Jornal Nacional apresentou uma série de e-mails que mostravam que o reverendo teria sido autorizado por Cruz, a negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca por US$ 17,50 a dose, um valor três vezes maior do que a própria pasta pagou em janeiro, quando negociou com um laboratório indiano.

Amilton é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) e deveria negociar os imunizantes com a Davati Medical Supply. Como mostra o próprio pedido de Randolfe, Cruz foi nomeado para o cargo no ministério em agosto de 2020, quando Eduardo Pazuello ainda era ministro.

“A mensagem (enviada no dia 23 de fevereiro) começa agradecendo Amilton por representar o governo nas negociações: ‘inicialmente agradecemos a disponibilidade da Senah, representada por sua pessoa (…) Na apresentação da proposta comercial para fornecimento de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca’. Ele finaliza dizendo que ‘todos os processos de aquisição de vacinas no âmbito do Ministério da Saúde estão sendo direcionados pela Secretaria Executiva.’ “, escreveu Randolfe no pedido.

No dia 9 de março, após reunião no Ministério da Saúde, Cruz teria enviado um e-mail para o presidente da Davati nos Estados Unidos, Herman Cardenas, informando que reforçava o aval de Amilton para a compra dos imunizantes e agradecendo a confiança.

O valor pedido pela Davati também é diferente do mencionado pelo policial militar, Luiz Paulo Dominguetti, que se identifica como intermediário entre a Davati e a Saúde, e afirmou que as doses custariam US$ 3,50. Dominguetti depôs à CPI na última quinta-feira (1°).

No fim, a negociação não foi concretizada, já que, segundo a farmacêutica AstraZeneca, não negocia vacinas por meio de empresas ou representantes comerciais, vendendo apenas diretamente à governos e o consórcio Covax.

DOC-REQ 10652021 – CPIPANDEMIA-20210705 by Jornal de Brasília on Scribd

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