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Política & Poder

Miranda diz à PF que tem ‘medo’ de Lira e de caciques do Centrão

A afirmação foi dada após o deputado do DEM responder a um agente da Polícia Federal, que questionou sobre o motivo de Miranda ter hesitado

Redação Jornal de Brasília

04/08/2021 17h30

Luis Miranda é o relator da MP. Foto: Claudio Andrade/Câmara dos Deputados

Ao depor no inquérito que investiga corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, o deputado Luís Miranda (DEM-DF) afirmou ter “medo” do presidente da Câmara, Arthur Lira, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e do líder do governo, deputado Ricardo Barros. Todos os três políticos apontados como caciques do Progressistas.

A afirmação foi dada após o deputado do DEM responder a um agente da Polícia Federal, que questionou sobre o motivo de Miranda ter hesitado em envolver Ricardo Barros no caso Covaxin, quando falou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. “Eu tenho medo deles. Eu tenho medo do (Arthur) Lira, do Ciro Nogueira e do Ricardo Barros, que são os nomes que naquela tarde (do depoimento à CPI) apareceram”, relatou o parlamentar.

Ainda no mesmo depoimento, prestado na semana passada à PF, Miranda declarou ter ouvido do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello que o presidente da Câmara havia pressionado para que o general saísse do cargo. Lira e Pazuello negaram o teor da conversa.

“Eu tenho medo deles. Eu tenho de verdade. Eu não pedi segurança por medo de um maluco na internet. Não tenho medo dessas coisas, porque Deus protege a gente. Eu tenho medo dessas pessoas, pelos olhos do presidente”, completou. Apesar disso, Miranda não relatou qual seria a participação de Ciro Nogueira, nem de Arthur Lira, no caso da compra de vacinas.

Também à Polícia Federal, o deputado do DF afirmou que, durante reunião no dia 20 de março, Bolsonaro teria reclamado do Centrão, quando ouviu a denúncia de irregularidades da negociação pela Covaxin. “Eu não falei isso na CPI. O presidente falou: os caras querem me foder, esses caras do Centrão querem me foder”, disse.

O governo decidiu suspender a aquisição da vacina indiana em 29 de junho, após o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, denunciarem um suposto esquema de corrupção no governo para a compra do imunizante. Os dois disseram que levaram o caso ao presidente Jair Bolsonaro, que teria atribuído irregularidades a um “rolo” do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros.

A Polícia Federal abriu inquérito para apurar se houve prevaricação do presidente após ser informado sobre o suposto esquema, ou seja, se ele deixou de tomar as providências para esclarecer as suspeitas. Na época do contrato da Covaxin, o imunizante ainda não havia sido autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Estadão Conteúdo

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