Mensagens do celular do senador Marcos do Val (Podemos-ES), acusado de elaborar um plano golpista para anular o resultado das eleições que teve o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor, mostram que ele afirmava se reportar à “inteligência americana” sobre a trama, o que, para a Polícia Federal, não passava de um blefe.
Segundo a Polícia Federal, em uma conversa com o ex-deputado Daniel Silveira, do Val afirma que a inteligência estrangeira estava ciente do plano para gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a fim de obter algum fato capaz de anular as eleições do ano passado.
Foto: Reprodução/O Globo
Atualmente, o senador é investigado pela sua atuação na suposta trama. No relatório obtido pelo jornal O Globo, a PF considera que o envolvimento dos Estados Unidos era mentirosa. “É possível que do Val tenha dito tal afirmação apenas como um ‘blefe'”, considera o parecer.
A conversa entre o senador e o ex-deputado ocorreu entre os dias 13 e 14 de dezembro do ano passado, poucos dias antes da posse de Lula.
A troca de mensagens, porém, contraria a entrevista dada por do Val à revista Veja em fevereiro. Na reportagem, Marcos afirma que, na verdade, Silveira teria tentado convencê-lo a gravar Moraes e que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) teria participado de uma dessas conversas, no Palácio da Alvorada.
Após a entrevista, porém, do Val se contradisse diversas vezes e passou a ser interrogado sobre o assunto. No mês passado, o senador foi alvo de uma operação da PF, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele.
As versões conflitantes também foram verificadas pela corporação. “A atuação de caráter absolutamente ambíguo de Marcos do Val, que parecia valer-se de prints de conversas com as mais altas autoridades da República para, colocando-as umas contra as outras, angariar prestígio pessoal e político”, afirmo o documento.