Brasília, 02 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça, 2, que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, não tem nenhuma pretensão de disputar cargo político em 2024, mas que ela pode se candidatar na eleição de 2026.
Irmã de Marielle Franco, vereadora pelo Rio assassinada em março de 2018, Anielle se filiou hoje ao PT na presença de Lula e, nos bastidores, é nome cotado para ocupar o cargo de vice na chapa do prefeito Eduardo Paes (PSD), pleiteada pelos petistas. Na prática, contudo, Lula sugeriu que isso não vai acontecer.
“Tenho certeza que Anielle Franco não tem nenhuma pretensão de disputar cargo político em 2024. A Anielle quer ser ministra até o último momento (do mandato). Mas, quando terminar, tem eleição em 2026 e pode dar um ‘mexerico’ nela. Aí ela pode se preparar e disputar”, disse Lula.
O grupo político de Paes resiste à investida do partido de Lula. Da parte do PT, porém, além de Anielle, nomes potenciais para ocupar essa posição são Tainá de Paula (PT), atual secretária de Meio Ambiente de Paes, e o também secretário municipal, de Assistência Social, Adilson Pires (PT), que já foi vice de Paes entre 2013 e 2016.
Um quarto nome que surge nos bastidores é o de André Ceciliano, ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), hoje secretário de Assuntos Federativos do ministério de Relações Institucionais.
Dentro do PT, são consideradas altas as chances de Paes se reeleger prefeito este ano, mas deixar o cargo para disputar o governo do estado em 2026, deixando a prefeitura para seu vice. Por isso, o teor estratégico da vaga de vice na chapa do atual prefeito do Rio.
Preparação
No discurso, Lula recomendou que Anielle Franco frequente algumas reuniões do PT e leia seu manifesto a fim de conhecer a legenda, que Lula definiu como um partido “diferente de qualquer outro no mundo”, com forte controle da base de filiados.
“Você (Anielle) é jovem. Obviamente vai aprender que a política é uma coisa gostosa, mas que a vida é sofrida. Eu perdi boa parte da minha juventude organizando a vida política desse País, mas eu ganhei ao ajudar a organizar o partido que por mais tempo governou o Brasil”, disse Lula para a nova correligionária
Anielle, que discursou antes, citou o legado político da irmã assassinada, mas afirmou que sua militância começa antes do episódio, estando ligada à sua trajetória como mulher negra.
“O meu corpo tem toda a minha trajetória até aqui. Eu não vou mudar para caber dentro da política. A política precisa mudar para entender os nossos corpos, o que somos. Não adianta querer me mudar”, disse.
A nova filiada do PT também ganhou um discurso de saudação da primeira dama, Janja da Silva, que a definiu como “amiga”. Lula ainda observou que não frequenta atos de filiação do PT, sobretudo quando ocupa a presidência da República, mas que abriu exceções para Marta Suplicy e, agora, Anielle.
Estadão Conteúdo