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Política & Poder

Lula reduz ainda mais número de mulheres no governo após troca na Caixa

Janja e ministras foram questionadas sobre a queda no número de mulheres do governo, com a demissão de Serrano, mas silenciaram

Redação Jornal de Brasília

25/10/2023 19h37

Foto: Evaristo Sá/ AFP

RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A demissão de Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica Federal, nesta quarta-feira (25), aumenta para três o número de mulheres demitidas de cargos de alto escalão desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A saída de Serrano ocorre exatamente no dia que o governo federal lançou a iniciativa Brasil sem Misoginia, em evento com a presença de ministros e ministras e também da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja.

Janja e ministras foram questionadas sobre a queda no número de mulheres do governo, com a demissão de Serrano, mas silenciaram.

O governo Lula anunciou na tarde desta quarta a saída de Serrano da presidência da Caixa. Apesar de não ser um ministério, o comando de bancos estatais tem status parecido do ponto de vista de poder, e sobretudo pela capilaridade.

Serrano será substituída pelo economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lula assim troca aliada para abrir espaço para indicações do centrão.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, em setembro, Lira afirmou que o comando da Caixa fazia parte do acordo para a entrada do centrão no governo.

Após a entrevista, integrantes do governo, como o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) negaram que o banco estivesse incluído.

Serrano é a terceira mulher demitida, em menos de um ano após o governo se vangloriar de que tinha a Esplanada com a maior quantidade de ministras da história.

Além dela, deixaram seus cargos Daniela Carneiro (ex-ministra do Turismo) e Ana Moser (ex-ministra dos Esportes). As mulheres deixaram os cargos no governo, em meio à ofensiva do centrão por mais espaço.

No caso de Daniela, a União Brasil quis trocar a indicação para o cargo, uma vez que a ministra pediu desfiliação da legenda. O chefe do Executivo, ainda assim, manteve a ministra no cargo por um mês e meio, enquanto o partido terminava as negociações com o Planalto pelo segundo escalão. Depois, acabou substituída por Celso Sabino.

Ana Moser deixou a pasta dos Esportes para abrir mais espaço para a entrada do centrão no governo. Entrou o então líder do PP na Câmara dos Deputados, André Fufuca, correligionário de Lira.

O único ministro homem que deixou o governo foi Gonçalves Dias, que saiu do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), após a crise do vazamento das imagens do circuito interno do Planalto, no 8 de janeiro.

Mais recentemente, o presidente da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), Hélio Doyle, deixou seu cargo após ter publicado posts contra Israel em suas redes sociais. Tanto Gonçalves Dias como Doyle foram substituídos por homens.

JANJA E MINISTRAS SILENCIAM

A primeira-dama Janja e vários ministros participaram na tarde desta quarta do lançamento da ação Brasil sem Misoginia, em um centro de convenções em Brasília. Em seu discurso, Janja afirmou que é constantemente vítima de ataques misóginos nas redes sociais.

Ao sair do evento, Janja foi questionada pela reportagem e outras duas jornalistas sobre a demissão de Rita Serrano –a quem apoiava nos bastidores– e a consequente redução no número de mulheres do governo. Não respondeu.

Outras ministras também foram abordadas e evitaram o assunto.

Nísia Trindade (Saúde), Anielle Franco (Igualdade Racial), Margareth Menezes (Cultura) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) foram questionadas, mas disseram que não iriam dar entrevistas.

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