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Política & Poder

Líder do ‘gabinete do ódio’ ganha cargo de Bolsonaro após perder eleições

O primeiro contato de Tércio com Bolsonaro ocorreu em 2017, quando o assessor administrava o perfil de humor Bolsonaro opressor 2.0

FolhaPress

03/10/2022 13h59

Foto: Reprodução / Redes sociais

Weudson Ribeiro

Apontado como líder do chamado “gabinete do ódio”, o paraibano Tércio Arnaud Tomaz foi reconduzido nesta segunda-feira (3) ao cargo de assessor especial da Presidência da República, de onde havia sido exonerado para disputar como suplente do candidato ao Senado Bruno Roberto (PL-PB), derrotado ontem por Efraim Filho, do União Brasil.

“Gabinete do ódio” é como ficou conhecido o grupo de assessores de Bolsonaro que, segundo a CPI das Fake News, atuariam em conjunto com uma suposta milícia digital de apoiadores do presidente a fim de atacar seus adversários e espalhar desinformação. Próximo do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), mesmo quando esteve afastado, Tércio ajudou informalmente na estratégia digital do presidente.

O primeiro contato de Tércio com Bolsonaro ocorreu em 2017, quando o assessor administrava o perfil de humor Bolsonaro opressor 2.0, que ironizava discursos contra grupos minoritários para tentar humanizar a imagem do então deputado federal diante do eleitorado.

Na campanha eleitoral de 2018, Tércio foi a ponte entre Bolsonaro e jornalistas. Com salário bruto de R$ 13.623 no Palácio do Planalto, Tercio é formado em biomedicina e trabalhou como recepcionista em um hotel da Paraíba antes de ingressar na vida política.

Em fevereiro deste ano, a delegada Denisse Ribeiro, da PF (Polícia Federal), afirmou em despacho ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que coletou no inquérito das milícias digitais elementos de uma ação orquestrada de bolsonaristas na difusão de desinformação e ataques às instituições.

A atuação, segundo a PF, ocorreu por meio do “gabinete do ódio”. O modelo orquestrado teria como finalidade criar e deturpar dados para “obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros diretos ou indiretos por canais diversos”.

Ainda segundo a PF, Tércio repassou vídeos do presidente para os responsáveis pelo canal do Youtube Foco do Brasil, alvo de mandados de busca e apreensão expedidos pelo STF.

O envio sistemático de material para o canal foi confirmado pelo assessor em depoimento à corporação. De acordo com as investigações, de março de 2019 a maio de 2020, o responsável pelo canal Anderson Azevedo Rossi recebeu o equivalente a R$ 1,5 milhão apenas com a monetização de vídeos no YouTube.

O dono do Foco do Brasil, Cleitomar Basso, disse em depoimento que seu faturamento mensal varia entre R$ 50 mil e R$ 140 mil.

No início deste ano, o senador Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade) pediu ao STF que Tércio fosse investigado por participar de comitiva do presidente em visita à Rússia. Na petição, o congressista lembrou que os serviços de inteligência dos EUA relataram ao Congresso norte-americano que a Rússia teria tentado interferir no pleito presidencial de novembro de 2020 em favor da reeleição do então presidente Donald Trump.

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