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Política & Poder

Jogos de airsoft acontecem sem autorização no Mané Garrincha

Arquivo Geral

24/05/2018 12h18

O deputado distrital Julio César, do PRB (entre os dois atletas a caráter), apoia o esporte no DF e foi ao Mané Garrincha para o jogo do último domingo, 20. Foto: Reprodução

Camila Costa
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Há pelo menos oito meses o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, à revelia do Governo do Distrito Federal, tem servido de palco para jogos de airsoft, modalidade esportiva semelhante ao paintball.

O airsoft foi criado no Japão com a finalidade de reproduzir um treinamento militar. No Brasil, é praticado há aproximadamente oito anos. Os atletas usam uma indumentária própria e armas que disparam projéteis de PVC.

o vice-presidente da Federação de Airsoft de Brasília e Entorno (Fabe), Diogo de Assis, revela ainda que alguns participantes são ligados às forças de segurança do DF. “Eles usam o esporte porque aprimora a técnica deles”, diz.

“Todos que participam precisam ter seu material, com itens como óculos de proteção e equipamento com ponta laranja e nota fiscal emitida pela Receita Federal.”

Regras

Sem utilidade na maior parte do tempo, o estádio pode e deve ser aproveitado, mas para isso há regras, como a publicação de um Termo de Autorização de Uso, expedido pela Secretaria de Esportes, e o pagamento de tributo público para uso do patrimônio. Não há registros, no entanto, de que essas condições venham sendo cumpridas.

A última partida no Mané Garrincha foi no domingo, 20. Às 9h, jogadores já estavam concentrados no local. O jogo, batizado de Operação Nisyros, foi organizado pela Equipe Los Ocho Airsoft, com a parceria e supervisão da Fabe.

De acordo com a página do evento na internet, o atleta precisava preencher uma ficha de inscrição com seu nome completo e o da equipe, telefone e depositar em uma conta da Fabe um valor referente à taxa estabelecida. Só puderam participar operadores credenciados.

Segundo Assis, esse foi o terceiro jogo realizado no Mané. Ele conta que não são vendidos ingressos e que a contrapartida da Fabe para usar o estádio consiste em alimentos arrecadados junto aos atletas. “Tivemos o apoio da Secretaria de Esportes no sentido de autorizar o uso do espaço”, afirma. “Não ganhamos dinheiro com isso, é sem fins lucrativos. Permitiram [o jogo] por sermos uma instituição constituída que fomenta o esporte.”

Convite da equipe Los Ocho para a partida mais recente

Somente “ambientação”

A Secretaria de Esportes e Lazer do DF afirmou à reportagem que autorizou apenas a “ambientação” no Estádio Nacional Mané Garrincha e não a realização de jogos. A pasta frisou que a permissão foi para uma visita de verificação e, caso o espaço atendesse aos atletas, seria marcado o jogo. “Tratando-se de atividade que visa fomentar a atividade esportiva, o acesso foi autorizado para a avaliação de possíveis futuras competições”, diz trecho da nota enviada pela Secretaria. Mas, segundo a Fabe, já foram realizadas três edições de Airsoft no monumento.

A utilização dos espaços e instalações do estádio é regulada pelo Decreto 34.798/2013. É preciso que a Secretaria de Esportes emita um Termo de Autorização de Uso, formalizado em processo administrativo específico, além de comprovação de pagamento de uma taxa recolhida em favor do Tesouro do Distrito Federal, mediante Documento de Arrecadação (DAR).O preço público da diária por metro quadrado para as áreas com baixa qualidade de acabamento do Estádio é de R$ 3,39 e, para as áreas com alta qualidade, R$ 6,17. Segundo a Fabe, a única contrapartida cumprida pela Federação foi a doação de alimentos.

Apoio de deputado

O deputado distrital Julio César (PRB), ex-secretário de Esporte do DF, participou do evento no último domingo, a convite da Fabe. De acordo com a assessoria do distrital, como presidente da Frente Parlamentar do Esporte na CLDF, ele tem contribuído para o crescimento e desenvolvimento do esporte, mas não destinou nenhum recurso, nem por emenda parlamentar, à realização dos eventos.

Saiba mais

Os valores cobrados para os jogos de futebol são baixos. Há cerca de um ano, a arena chegou a sediar uma partida entre Brasília e Formosa por apenas R$ 33,80, referentes ao aluguel de campo. A taxa de ocupação é fixada em 15% da renda bruta arrecadada – no caso de quatro jogos, reduzida para 13%. O lucro depende dos times de fora do DF – a partida entre Flamengo e Vasco, pela quarta rodada da Taça Rio, rendeu R$ 76.783,20 ao GDF.

Pela internet, foram divulgadas várias fotos dos atletas em outros eventos no estádio

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