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Política & Poder

Haddad entrega à Câmara projeto de regulamentação da tributária; alíquota pode ser de até 27,3%

Segundo ele, o resultado final vai depender das mudanças promovidas pelos parlamentares durante a tramitação

Redação Jornal de Brasília

24/04/2024 19h18

Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados

ADRIANA FERNANDES, INDIANA TOMAZELLI E VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) entregou à Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (24) a primeira proposta de regulamentação da reforma tributária.

O projeto de lei complementar trata das regras gerais de operação dos novos tributos, a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) federal, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) de estados e municípios e o IS (Imposto Seletivo).

Em entrevista coletiva após o ato, o secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, disse que, com o desenho do projeto de lei, a alíquota do novo IVA (Imposto sobre Valor Agregado) ficaria entre 25,7% e 27,3%, com uma média de 26,5%. “Eu diria que a referência é a média”, afirmou.

Segundo ele, o resultado final vai depender das mudanças promovidas pelos parlamentares durante a tramitação. Quanto mais exceções, maior a carga sobre os demais contribuintes.

Por outro lado, a Fazenda tem a expectativa de que a digitalização da cobrança exerça um papel importante para reduzir a sonegação, o que contribuiria na direção de reduzir a alíquota.

Haddad entregou o projeto ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na presença de lideranças da Casa.

A ideia inicial do ministro era enviar dois projetos. O segundo agruparia a regulamentação do Comitê Gestor do IBS e as novas regras sobre como lidar com disputas administrativas e judiciais dos novos tributos, o que, na prática, definirá como funcionará o contencioso.

Na noite de segunda-feira (22), Haddad informou que o envio dos textos seria dividido. Como mostrou a Folha, um impasse envolvendo o Comitê Gestor do IBS travou a conclusão do segundo projeto.

O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da PEC (proposta de emenda à Constituição) da reforma no ano passado, também estava presente e ficou próximo a Haddad durante a entrevista coletiva, embora sua indicação como relator do projeto esteja incerta.

Como mostrou a Folha, em meio a disputas antecipadas pela sucessão na Mesa Diretora da Câmara, circula nos bastidores a possibilidade de Ribeiro não ser designado para o posto.

Lira sinalizou a aliados que estuda a possibilidade de fatiar os textos que serão enviados pelo governo Lula para prestigiar diferentes grupos políticos ou partidos com as relatorias.

Ribeiro tem o apoio da Fazenda e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defendeu sua indicação na terça-feira (23) em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto.

O petista ressaltou que a indicação do relator é prerrogativa de Lira, mas afirmou que o deputado está familiarizado com o tema e as negociações, o que pode facilitar na tramitação do texto. “Quem indica é presidente da Câmara, longe de mim indicar, só gostaria que levassem em conta isso”, afirmou Lula, sem citar nominalmente Ribeiro.

O presidente da Câmara disse nesta quarta que vai conversar com líderes dos partidos para definir relatorias e calendário de tramitação.

“Não tive reunião com parlamentares e líderes para discutir, mas nossa ideia é trabalhar para que em 60, 70 dias isso possa estar no plenário da Câmara, ou seja, antes do final do recesso do primeiro semestre. Se não houver condições políticas, a gente vai vendo com o tempo”, afirmou Lira.

Ele disse que Ribeiro terá “eterna gratidão” pelo papel que desempenhou na relatoria da PEC (proposta de emenda à Constituição) da reforma no ano passado, mas não deu certeza de sua indicação para cuidar dos projetos de regulamentação.

“A opinião do presidente é importante, a gente respeita, mas nós temos uma quantidade absurda de deputados competentes que também desejam relatar essas matérias. O deputado Aguinaldo Ribeiro tem sempre e terá a nossa eterna gratidão, é companheiro de partido, muito conceituado e competente, mas ele já relatou a PEC da tributária, essas regulamentações necessariamente não precisam ter o mesmo relator”, disse.

Segundo ele, há a possibilidade de se formar dois grupos de trabalho para cuidar das discussões.

A regulamentação da reforma tributária vai detalhar diversos pontos da reforma tributária, como quais produtos farão parte da chamada Cesta Básica Nacional, que terá alíquota zero, e quais terão o benefício da alíquota reduzida (equivalente a 40% da cobrança de referência).

“Vários alimentos foram incluídos na cesta básica de tributação zero. Aí tem uma segunda alíquota que não é zero, que é a alíquota reduzida. E uns poucos produtos de consumo de luxo que ficaram na alíquota cheia, na chamada alíquota padrão ou alíquota de referência. Isso tudo está nas tabelas, isso tudo vai ser de conhecimento público”, disse Haddad.

O Ministério da Fazenda vai conceder uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (25) para detalhar pontos técnicos da proposta.

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