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Política & Poder

Há muita conversa fiada, diz vereador suspeito de ligação com PCC

Em seu primeiro discurso sobre o tema na Câmara Municipal de São Paulo, ele não deu detalhes do caso

FolhaPress

14/06/2022 20h02

Foto: Reprodução

Investigado pela Polícia Civil por uma suposta ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), o vereador paulistano Senival Moura (PT) disse nesta terça-feira (14) que “há muita conversa fiada” no caso, mas que faltam provas contra ele.

Em seu primeiro discurso sobre o tema na Câmara Municipal de São Paulo, ele não deu detalhes do caso. Líder do PT na Casa, o vereador afirmou que desde fevereiro de 2020 não faz mais parte do quadro de sócios da Transunião, empresa de ônibus que está sendo investigada.

De acordo com a Polícia Civil, integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) detêm de 30% a 40% da frota da companhia. Moura é um dos fundadores da Transunião e, segundo a investigação, dono de pelo menos 13 ônibus da empresa.

Para os agentes, porém, ele teve que entregar os veículos para a facção depois que os integrantes do PCC descobriram um suposto desvio de dinheiro na empresa.

“Operamos com a Transunião até o dia 4 de fevereiro de 2020. No dia 5 teria uma assembleia da empresa, e eu e o Adauto Soares Jorge fomos recomendados a não participar. Quando recebi isso, achei melhor ir embora”, disse o Moura. “Nós [Senival e Adauto] criamos essa empresa, mas me desliguei. Há muito comentário, conversa fiada e nada de apresentar os fatos reais”

Quase um mês depois, Jorge foi assassinado em uma padaria na zona leste de São Paulo. A polícia suspeita que o vereador esteja envolvido na morte do empresário e afirma que o motorista de Moura, Devanil Souza Nascimento, foi quem levou a vítima até o local.

“O Devanil é vítima da mesma forma, não tem participação nenhuma, também trabalhou comigo e o Adauto por quase 30 anos. É um pai de família, trabalhador”, disse o parlamentar nesta terça. O motorista foi preso na semana passada por sua suposta participação no episódio.

A investigação aponta que Adauto era uma espécie de testa de ferro do vereador e comandava a Transunião.

A dupla não teria repassado parte dos da empresa para o PCC. Quando a facção descobriu isso, ordenou a morte de ambos, disse o diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Fábio Pinheiro, unidade responsável pela investigação.

“A história do vereador Senival se confunde com a do Adauto Soares Jorge. Esse companheiro, trabalhamos por 30 anos no transporte público de São Paulo, lutando com lealdade. Não começamos agora em 2009, 2010”, afirmou Moura.

“Com todo esse comentário, vem uma CPI do sistema de transporte, não tenho nenhum problema de assinar [para abertura da] CPI. Nem eu e nem a bancada do PT, para ficar claro”, afirmou Moura.

Durante o discurso, o plenário ficou esvaziado e apenas Eduardo Suplicy (PT), pediu a palavra para demonstrar solidariedade.

O vereador Delegado Palumbo (MDB) protocolou na sexta-feira (10) requerimento para criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara para investigar empresas que atuam no transporte coletivo da capital, incluindo a Transunião.

Palumbo diz ter colhido 3 das 19 assinaturas necessárias até agora: Erika Hilton (Psol), Sonaira Fernandes (Republicanos) e Fernando Holiday (Novo). A Casa tem 55 vereadores.

Como justificativa para a abertura da CPI, Palumbo afirma que mandados de busca e apreensão foram “cumpridos, sendo que um deles ocorreu na casa e escritório de um vereador desta Casa Legislativa”.

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