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Política & Poder

Governo exonera nº 3 da Abin por espionagem ilegal

Na última sexta-feira, a Polícia Federal apreendeu US$ 171,8 mil em espécie na casa do então secretário, que era o número três na hierarquia

Redação Jornal de Brasília

24/10/2023 22h52

Brasília, 24 – O governo federal exonerou ontem Paulo Mauricio Fortunato Pinto do cargo de secretário de Planejamento e Gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Além dele, mais dois diretores do órgão foram dispensados. Na última sexta-feira, a Polícia Federal apreendeu US$ 171,8 mil em espécie na casa do então secretário, que era o número três na hierarquia da agência.

Na sexta, a Abin foi alvo da Operação Última Milha, da PF, que prendeu dois servidores, Eduardo Arthur Izycki e Rodrigo Colli, suspeitos de fazerem uso de um software para espionar ilegalmente, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), políticos, advogados, jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os dois foram demitidos no dia da operação. A Abin informou um processo administrativo confirmou a participação deles como representantes de uma empresa em uma licitação do Exército, o que é vedado a servidores públicos.

Durante da Operação Última Milha, a PF cumpriu 25 mandados de busca e apreensão. Alvo de diligências, Fortunato havia sido afastado do cargo por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, na sexta. Ele tem extensa carreira na agência. Foi coordenador operacional do Centro de Inteligência da Abin em eventos como a Copa do Mundo no Brasil, em 2016; a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, quando o papa veio ao Brasil; e a Olimpíada de 2016.

Fortunato também foi conselheiro do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele volta a ser oficial aposentado da Abin e deve ficar à disposição do órgão quando terminar o afastamento determinado pelo STF.

Software

A PF apura o uso indevido por servidores da Abin do programa FirstMile, desenvolvido pela israelense Cognyte, para espionar autoridades por meio de geolocalização de celulares. Na lista de monitorados, há um homônimo de Moraes, o que reforça a suspeita de que o magistrado foi uma das vítimas.

A Abin disse que finalizou, em março, uma correição extraordinária para apurar o uso do software. Ele foi comprado em dezembro de 2018 (governo Michel Temer) e a agência afirmou que parou de usá-lo em maio de 2021. Agora, há uma sindicância para investigar o caso. Sobre os diretores dispensados, a Abin declarou que “a exoneração e as dispensas contam a partir de 20 de outubro de 2023″, retroagindo à data da operação”.

A sede da Abin foi vasculhada pela PF na operação. Na época em que o programa teria sido usado, a agência era comandada pelo hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-delegado da PF escolhido por Bolsonaro para a função. Após a operação, o ex-diretor da Abin afirmou que a investigação só se tornou possível graças ao “início de trabalhos de austeridade” promovidos na gestão Bolsonaro.

Estadão Conteúdo

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