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Política & Poder

Erundina diz que gestão Boulos toleraria protestos e se fiaria no ‘poder popular’

“Nossa relação com a sociedade vai ser transparente, de respeito, de diálogo. E não vamos aceitar a violência”, afirmou a vice de Boulos

Redação Jornal de Brasília

25/11/2020 12h53

Foto: Bob Sousa

A deputada federal Luiza Erundina (PSOL), vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) na corrida pela Prefeitura de São Paulo, disse nesta quarta (25) em sabatina promovida pela Folha, em parceria com o UOL, que um eventual governo dos dois toleraria protestos e se basearia no “poder popular”.

“Nossa relação com a sociedade vai ser transparente, de respeito, de diálogo. E não vamos aceitar a violência. Somos contra qualquer tipo de violência e desordem. O que não significa que vamos inibir as manifestações públicas de demanda”, disse ela.

Prefeita da capital entre 1989 e 1992, Erundina, à época no PT, enfrentou protestos contra seu governo e lidou com problemas de governabilidade por ter minoria na Câmara Municipal. Sem experiência em cargos públicos, Boulos é líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto), que luta por moradia. Segundo a parlamentar, manifestações fazem parte da democracia, e a participação dos cidadãos será uma tônica no governo do PSOL, caso a chapa saia vitoriosa do segundo turno, no próximo domingo (29).

“O que dá mesmo sustentabilidade quando não se quer ceder aos compromissos originais do programa é recorrer ao poder popular, que é um dos poderes na instância local, que é a sociedade civil. Foi isso que deu sustentabilidade ao nosso governo”, respondeu ela sobre a relação com a Câmara.

Erundina repetiu o discurso de Boulos de que a pressão da sociedade sobre os parlamentares é suficiente para ajudar a aprovar projetos de interesse do Executivo e disse que a participação poderá se dar por meios digitais. Ela reiterou ainda a proposta de inverter prioridades no orçamento e dar atenção à periferia, foco absoluto da campanha neste segundo turno -Boulos já tem garantido o apoio de setores da classe média e de habitantes do centro expandido, onde ficam os bairros mais nobres.

“Nós vamos governar lá na ponta, nas regionais. A mídia virtual vai ser no sentido de colocar as informações sobre o governo, abrir as contas, explicar as licitações públicas. Será um governo aberto e democrático”, pontuou.

Questionada sobre sua baixa popularidade no fim de sua gestão, na década de 1990, Erundina culpou a mídia e disse que foi vítima de preconceito da imprensa e da elite paulistana por ser uma mulher, migrante nordestina, solteira, de origem humilde e filiada a um partido de defesa de pautas sociais. “A mídia tinha uma má vontade muito grande contra o meu governo. Não me conheciam, tinham uma imagem de preconceito. Por eu ser mulher, nordestina e governar para os excluídos. Um preconceito que se traduzia por mentiras, calúnias”, afirmou.

“Esse conjunto de fatores contribuiu para que o conceito que a mídia propagava a meu respeito fosse desqualificação. Mas, depois de 32 anos, as políticas e os modelos do nosso governo são referência.”

Erundina usou a entrevista para fazer ataques ao vereador Ricardo Nunes (MDB), vice na chapa de Covas. Ele também foi convidado para a sabatina, mas disse que não compareceria por problemas de agenda, “totalmente comprometida em reuniões, encontros e visitas aos bairros”. “O Ricardo Nunes me parece que está se escondendo. O próprio candidato [Covas] também não dá muitas explicações sobre por que o vice desapareceu. Deve ser por que ele deve explicações à sociedade e à Justica sobre denúncias muito graves que dizem respeito ao interesse público”, disse.

A Folha revelou a denúncia de violência doméstica que foi feita contra Nunes por sua própria esposa em 2011 (hoje ela nega agressões) e as relações controversas que o candidato tem com empresas que administram creches terceirizadas da prefeitura.

A vice do PSOL disse que o adversário deveria esclarecer as acusações e que os fatos da vida doméstica de Nunes vão na contramão “daquilo que se defende hoje, na questão da violência contra a mulher”. “O vice, em determinadas ocasiões, assume [a prefeitura] ou deve compartilhar com a cabeça de chapa, o eventual eleito, as responsabilidades e as tarefas da gestão da cidade. Se ele não aparece, eu não sei qual vai ser o papel desse vice. É ruim para o eleitor não saber quem é essa pessoa, as explicações que ele dá.”

Erundina foi entrevistada ao longo de 30 minutos pelas repórteres Carolina Linhares, da Folha, e Gabriela Sá Pessoa, do UOL.

As informações são da Folhapress

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