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Política & Poder

Empresa que lucrou com ivermectina teve Carlinhos Cachoeira como primeiro dono, diz senador

Otto Alencar alega que Cachoeira era o proprietário da empresa quando ela ainda chamava Vitapan. Representante confirma que esposa do bicheiro era acionista

Willian Matos

11/08/2021 11h46

Foto: Reprodução

A Vitamedic, cujo representante é ouvido na CPI da Pandemia nesta quarta-feira (11), foi criada com outro nome. Inicialmente, a empresa se chamava Vitapan e tinha como acionista Andréa Aprígio, ex-esposa de Carlos Augusto Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Quem pontuou a questão foi o senador Otto Alencar (PSD-BA). Otto perguntou ao depoente, o representante Jailton Batista, se Carlinhos Cachoeira era o antigo dono da então Vitapan. Jailton confirmou que Andréa Aprígio era acionista, mas negou ligação de Carlinhos Cachoeira.

Andréa é suspeita de ser  “laranja” de Carlinhos Cachoeira. Segundo a operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 2012, a Vitapan era, sim, comandada pelo bicheiro, e não pela esposa. À época, ela negou as acusações. Natural de Anápolis-GO, Cachoeira foi preso e condenado várias vezes por crimes como contrabando de caça-níqueis, peculato, tráfico de influência e formação de quadrilha.

Há pouco mais de um ano, o nome de Andréa Aprígio voltou à tona após a empresária publicar stories mostrando uma festa por ela promovida. Andréa publicou testes rápidos de covid mostrando que os participantes teriam testado negativo para a doença. As postagens repercutiram negativamente, uma vez que, à época, eram proibidas quaisquer aglomerações.

Andréa se posicionou dizendo à TV Anhanguera que não imaginava repercussão de “um evento privado em que decidimos realizar testes rápidos para a Covid-19 a fim de dar segurança a todos.”

Lucro exorbitante com ivermectina

O farmacêutico Jailton Batista, representante da Vitamedic, admite que a Vitamedic viu seus lucros crescerem de forma considerável em meio à pandemia por conta da venda da ivermectina, medicamento que foi promovido e vendido no Brasil como solução contra a covid-19 mesmo sem eficácia.

Jailton Batista explicou que a Vitamedic faturou, de maneira geral, cerca de R$ 540 milhões em 2020. Em 2021, a farmacêutica já lucrou cerca de R$ 300 milhões até o mês passado.

Os números de 2020 quase triplicam os de 2019, quando a Vitamedic faturou cerca de R$ 200 milhões. “Nós tivemos um crescimento de 600% da ivermectina”, admitiu Jailton.

Jailton Batista, representante da Vitamedic, que vende ivermectina no Brasil. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A CPI investiga o aumento destas vendas da ivermectina, uma vez que o medicamento foi promovido contra a covid-19 sem ter eficácia contra a doença. Os senadores também estudam possíveis ligações entre a Vitamedic e o governo federal. Na sessão de hoje, já foram mostradas várias falas do presidente Jair Bolsonaro exaltando o remédio. Jailton afirma que “não tem como medir” se as declarações de Bolsonaro impactaram nas vendas da farmacêutica.

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