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Política & Poder

Direita & Esquerda

Políticos brasileiros não conhecem história e se dizem de um lado e do outro

Gustavo Mariani

01/01/2023 6h00

Atualizada 31/12/2022 13h31

O presidente Jair Bolsonaro declarava-se líder de um governo de direita; eleitores do PT–Partido dos Trabalhadores se dizem de esquerda. Existe direita e esquerda no Brasil da hora? Pra começar, o próprio PT, quando surgiu, em 1973, negava a história dos antes dele considerados esquerdistas. Tudo deveria começar naquele “sete-três”. Assim, pela postura petista, após a proclamação da República, em 1889, o país jamais tivera posturas políticas de esquerda.

A maioria dos politicos brazucas – ou candidatos a cargos eleitorais – não carregam a mínima ideia do que seja direita e esquerda. Acredita que foi criação da Revolução Francesa, em 1789. Na verdade, a terminologia já havia sido pensada, em 1672, quando Edward Chamberlayne lançou o livro “The presente state of Englad”. Mas não há evidências de que tenha influenciado os participantes da Assembleia Nacional Constituinte francesa que deram uma prensa nos privilégios do Rei Luis 16. Duas datas podem ser acesas pelas velinhas que marcam o nascimento de direita e equerda na França: 29 de outubro daquele 1789, quando o secretáriao da Constituinte, Joseph-Ignace Guillotin, sugeriu que os favoráveis ao Rei sentassem-se à direita do presidentr da mesa, e os contra à esquerda; 19 de dzeembro do mesmo “oito-nove”, quando Camille Desmoulins considerou os dois lados posturas políticas, e não só vertentes topográficas.

Ao longo da Revolução Francesa, direita e esquerda nem sempre foram fiéis a si mesmo. Anteciparam atuais políticos brasileiros, que se dizem de direita e de esquerda, mas nem sabem quem foram os moderados girondinos e nem os radicais jacobinos, rapaziada que trocou muito de camisa, entre 1791 e 1792. E nem que direita e esquerda só foi mesmo virar o que eles falam hoje a partir de 1815, quando Napoleão Bonaparte caiu e os reis Bourbon retomaram a coroa da França. No entanto, só se consagrou uso da imprensa entre 1820 e 1830, no Século 19.

No Brasil, esquerdistas sustentam que eles existem desde que o Marechal Deodoro da Fonseca montou em um cavalo e deu 24 horas para o Imperador Pedro II se mandar do pedaço. Eles juram ter encarado, durante a Primeira República (1889 a 1930), todas as lutas pelos direitos dos trabalhadores. Nesse, ponto, pelo que falavam os esquerdistas de então, o Governo Getúlio Vargas deixou de ser o que seria girondino e virou o que seria jacobino, promulgando (1931 a 1934) leis sociais que eles cobravam, inclusive a Justiça do Trabalho, além de correr atrá de educação e saúde para o povão.

Teria Getúlio Vargas roubado esquerdismos dos seus adversários? Há pesquisadores sustentando que ele se inspirara no México de 1917, quando aquele país começara a dar leis sociais ao seu povo. Getúlio, depois, passou a perna nos adversários e, para não ver os trabalhadores brazucas se bandeando para o outro lado, instalou o ditatorial Estado Novo e sumiu com a esquerda do nacional-desenvolvimentismo importado dos mexicanos.

A queda de Getúlio Vargas, em 1945, permitiu aos brazuca viverem sob democracia liberal. A esquerda teve até 1965 para comemorar. Foi quando os militares tomaram o poder, extinguiram todos os partidos políticos e criaram um de situação –ARENA-Aliança Democráticas Nacional – e MDB – Movimento Democrático Brasileiro. Foram 21 viradas de calendário com quem era do lado da situação sendo coniderado de direita e os contra de esquerda. O que que não impedia trocas de lado, quando o Governo aliciava um rival: o cara de esquerda virava de direita, nem mesmo importando um “passado glorioso de lutas que incluíam gandes embates da tribuna do Parlamento, como aguerrido líder de oposição”.

O Brasil já teve presidente da República – José de Ribamar Ferreira da Costa – que foi da conservadora UDN-União Democrática Nacional; depois apoiou os direitistas da revolução de 1964; a seguir pulou fora deles quando o barco afundava; prosseguindo, uniu-se aos esquerdistas e moderados do PMDB e, depois, apoiou o governo que se dizia esquerdista do PT. Dá para levar a sério direita e esquerda no Brasil?

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