Da Redação
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Novas mensagens enviadas ao site The Intercept Brasil por fonte anônima, mostram que Sergio Moro convenceu os procuradores da força-tarefa de Curitiba a não pedir a apreensão dos telefones celulares usados pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ).
Os diálogos entre o atual ministro e o chefe dos investigadores, Deltan Dallagnol, ocorreram no dia 18 de outubro de 2016 e integram o pacote de mensagens que ficou conhecido como Vaza Jato. As mensagens foram analisadas pelo BuzzFeed News, que decidiu publicar o conteúdo por considerar que se trata de informação de interesse público.
Cunha foi preso no dia 19 de outubro daquele ano, um dia após as mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol. Ao ser informado de que seria encaminhado para Curitiba, o ex-presidente do Senado chegou a questionar se deveria ou não entregar seu celular, o que foi negado pelas autoridades, segundo seus advogados.
Outros aparelhos de Cunha já haviam sido apreendidos, no dia 15 de dezembro de 2015, após a operação Catilinárias.
Mensagens do dia 18 de outubro de 2016:
11:45:25 Deltan: Um assunto mais urgente é sobre a prisão
• 11:45:45 Deltan: Falaremos disso amanhã tarde
• 11:46:44 Deltan: Mas amanhã não é a prisão?
• 11:46:51 Deltan: Creio que PF está programando
• 11:46:59 Deltan: Queríamos falar sobre apreensão dos celulares
• 11:47:03 [Moro]: Parece que sim.
• 11:47:07 Deltan: Consideramos importante
• 11:47:13 Deltan: Teríamos que pedir hoje
• 11:47:15 [Moro:] Acho que não é uma boa
• 11:47:27 Deltan: Mas gostaríamos de explicar razões
• 11:47:56 Deltan: Há alguns outros assuntos, mas este é o mais urgente
• 11:48:02 [Moro]: bem eu fico aqui até 1230, depois volto às 1400.
• 11:48:49 Deltan: Ok. Tentarei ir antes de 12.30, mas confirmo em seguida de consigo sair até 12h para chegar até 12.15
• 12:05:02 Deltan: Indo
Por volta das 14h16, Deltan envia nova mensagem dizendo que, após discutir com procuradores com base na consideração de Moro, a força-tarefa desistiu da apreensão dos celulares:
• 14:16:39 Deltan: Cnversamos [Conversamos] aqui e entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações
• 14:21:29 [Moro]: Ok tb
Em resposta ao Buzzfeed News, o atual Ministro da Justiça e da Segurança Pública “não reconhece a autenticidade das mensagens obtidas por meio criminoso, nem sequer vislumbrou seu nome como interlocutor nas mensagens enviadas pelo BuzzFeed. Em relação aos aparelhos celulares do ex-Deputado Eduardo Cunha, como foi amplamente divulgado pela imprensa, eles foram apreendidos por ordem do STF na Ação cautelar 4044, antes da prisão preventiva.”
Na mesma linha, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba “não reconhece as mensagens que têm sido atribuídas a seus integrantes nas últimas semanas. O material é oriundo de crime cibernético e tem sido usado, editado ou fora de contexto, para embasar acusações e distorções que não correspondem à realidade. A análise da busca e apreensão de itens toma em conta diferentes fatores, inclusive a perspectiva de efetividade para as investigações. No caso do ex-presidente da Câmara, seus celulares já tinham sido apreendidos por ordem do Supremo Tribunal Federal.”