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Política & Poder

Vídeo: Deputado diz que africanos e brasileiros são burros, e deve ser levado ao Conselho de Ética

O deputado federal Gustavo Gayer disse que o “Brasil está emburrecido” e “segue o mesmo caminho das nações africanas”

Redação Jornal de Brasília

28/06/2023 18h30

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) relacionou a existência de ditaduras em países da África à falta de “capacidade cognitiva” da população, e disse que o “Brasil está emburrecido” e “segue o mesmo caminho das nações africanas”. A declaração em um podcast, feita na semana passada, motivou um pedido de cassação do parlamentar por racismo no Conselho de Ética da Câmara. Gayer já é alvo de outras duas representações no colegiado da Casa.

Na conversa, um dos youtubers afirmou que o QI da população africana seria menor que o de macacos. “Sabia que tem macaco com QI de 90? O QI na África é de 72.” Em seguida, o deputado complementou, dizendo que a suposta falta de capacidade cognitiva influenciaria o surgimento de regimes totalitários.

“Quase tudo lá é ditadura. Democracia não prospera na África. Por quê? Para você ter uma democracia, você tem que ter o mínimo de capacidade cognitiva de entender o bom e o ruim e o certo e o errado. Então, tentaram fazer democracia na África várias vezes. Mas o que acontece? Um ditador toma conta de tudo e o povo ‘êêê’ O Brasil está desse jeito, o Lula chegou na Presidência e o povo ‘êê, picanha e cerveja”, afirmou Gayer no podcast na última sexta-feira, 23.

Nesta quarta-feira, 28, as deputadas federais Duda Salabert (PDT-MG) e Tabata Amaral (PSB-SP) afirmaram que vão apresentar pedido de cassação do mandato do parlamentar do PL no Conselho de Ética.

Nas redes sociais, Salabert acusou o deputado do PL de racismo. “A Câmara não pode ser espaço para racista! Deveria ser preso além de perder o mandato”, disse. Tabata afirmou que Gayer havia propagado um preconceito racial “escancarado” e cobrou providências do Legislativo: “Chega do Congresso ser tolerante com falas criminosas e preconceituosas”.

Em resposta às deputadas, Gayer publicou um vídeo dizendo que a frase dele foi tirada de contexto, e que o QI dos países africanos seria menor que outros por conta da subnutrição, “que afetaria a educação e o conhecimento” e seria espalhada de forma proposital pelos ditadores.

‘Pacheco vendeu a alma’

Além do comentário sobre a população africana, Gayer fez ataques ao Senado e ao PT. Questionado pelos youtubers sobre a aprovação da indicação do nome de Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal (STF), o parlamentar afirmou que o Senado está “comprado” e que a Câmara seria “um obstáculo” para o PT de Lula, na qual se referiu como “facção criminosa”.

O deputado disse também que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) vendeu a “alma, a mãe e os filhos” para ser escolhido como futuro ministro da Suprema Corte. A próxima vaga a ser aberta é a da ministra Rosa Weber, que se aposentará em outubro.

“O Senado está comprado. Só a Câmara dos Deputados representa um obstáculo ainda para essa facção criminosa (o Partido dos Trabalhadores). O Senado está comprado. Não estou dizendo que os senadores do PL são, mas os senadores do PL já entenderam… Cara, conseguimos nenhuma comissão. (…) O Pacheco já vendeu a alma, já vendeu a mãe, já vendeu os filhos, já vendeu tudo por uma cadeira no STF”, disse.

Feminismo

Em outro momento do podcast, o deputado criticou o feminismo, chamando o movimento de “a ideologia que f… com a sociedade” ao colocar “as mulheres contra os homens”. O corte do trecho foi publicado por Gayer em suas redes sociais.

“O feminismo é um câncer que, desculpa, vou falar a verdade, f.. com a nossa sociedade. (…) ‘Ah, o feminismo defende as mulheres’, defende p… nenhuma. O feminismo colocou as mulheres contra os homens, o feminismo está incutindo na cabeça da mulher uma perversidade tamanha, que é ‘cuidar da família não é importante, o importante é sua carreira’”, afirmou.

O parlamentar foi procurado pelo Estadão para esclarecer os pronunciamentos feitos no podcast, mas não retornou até a publicação desta reportagem.

Conselho de Ética

Além do pedido de cassação pelas declarações no podcast, Gayer é alvo de outras duas representações. No início de junho, a deputada federal Silvye Alves (União-GO) acionou o Conselho de Ética contra Gayer. O parlamentar havia publicado, nas suas redes sociais, uma montagem com nomes e fotos de todos os deputados goianos que haviam votado a favor da MP dos Ministérios, aprovada pela Câmara, afirmando que “se renderam ao PT”.

Em maio, deputados estaduais do PT goiano apresentaram denúncias ao Conselho de Ética e ao Ministério Público Federal (MPF) após o parlamentar postar a foto de uma professora de Artes que utilizou uma camisa com a frase “Seja marginal, seja herói”, do poeta Hélio Oiticica. Após a divulgação nas redes sociais do parlamentar, a profissional de ensino foi demitida.

Quem é Gustavo Gayer?

Nascido em Goiânia, Gustavo Gayer exerce o seu primeiro mandato como deputado federal após ser eleito com 200.586 votos, sendo o segundo mais votado em Goiás. Antes de se tornar parlamentar, Gayer foi empresário e professor e ficou conhecido nos núcleos bolsonaristas como influenciador digital, tratando sobre pautas da extrema direita. Em 2020, tentou se eleger prefeito em Goiânia pelo Democracia Cristã (DC), ficando em quarto lugar.

Estadão conteúdo

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