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Política & Poder

Delação premiada é a saída de carteis

Arquivo Geral

12/08/2013 9h00

A delação premiada relacionada à defesa econômica é um instrumento recente no Brasil e, muitas vezes, passa despercebida por conta de acordos sigilosos e reduções de pena que não costumam ser noticiados. O instrumento veio à tona com a divulgação do caso de cartel das empresas responsáveis pela manutenção dos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal, com a participação da multinacional de tecnologia Siemens, como colaboradora do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

 

Grandes empresas participantes de licitações do metrô de São Paulo teriam se unido para obter vantagens econômicas. O suposto cartel teria um pacto de que cada uma das multinacionais participaria de um tipo de certame. Também está sendo apurada a possibilidade de todas as participantes da licitação se unirem para formar um único consórcio. A Siemens teria cedido documentos ao Cade, comprovando que o governo de São Paulo seria conivente com a situação e, inclusive, teria dado o aval para o esquema. 

 

Acordo enfraquecido

 

Quando se trata de casos onde um dos envolvidos coopera com o Cade, o termo jurídico é leniência, que pode atenuar a punição de empresas e administradores. O mecanismo é aplicado no Brasil desde 2000 e, nos Estados Unidos, acordos semelhantes são feitos desde os anos 1970.

 

Segundo o advogado e consultor empresarial Ruy Coutinho do Nascimento, ex-presidente do Cade, acordos de leniência se beneficiam do enfraquecimento dos carteis e a mudança nos interesses comerciais. “Cartel é uma das coisas mais difíceis de serem identificadas, porque roda em absoluto segredo, não pode ter muitos participantes, mas acontece bastante é que ele se torne instável com o tempo. Ou seja, os próprios participantes começam a brigar entre si”, disse. “Chega um momento que os interesses começam a incomodar e essas combinações deixam de ser tão uniformes assim e é muito difícil um cartel sobreviver muito tempo”, acrescentou.

 

Sem a delação, punição pode pesar no bolso
 
 
Para que a empresa se beneficie com a leniência, são levados em conta aspectos, como o fim do envolvimento do grupo no esquema. Também se espera que o Cade não tenha provas suficientes para condenar administradores ou a própria empresa. Com isso, os participantes podem ter as penas diminuídas de um a dois terços ou até  extintas. Sem a delação premiada, os envolvidos no cartel podem ser obrigados a arcar com pesadas multas, de 1% a 20% do faturamento bruto da empresa. Para pessoas físicas e associações, a multa pode chegar até a R$ 2 bilhões. Quando se trata de reincidência, a multa pode ser dobrada.
 
 
Leis pra o crime
 
 
A regulação é indispensável, já que os carteis podem ser inúmeros. Além disso, o maior prejudicado é o consumidor, que se submete às condições impostas pelas grandes empresas.

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