Menu
Política & Poder

Da Cunha admite agressão verbal, mas nega ter batido em ex-mulher

Em nota enviada à reportagem, a defesa de Da Cunha disse que o deputado agiu “apenas para contê-la”

Redação Jornal de Brasília

18/03/2024 17h09

Agência Câmara

FABÍOLA PEREZ
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

O deputado federal e delegado Carlos Alberto da Cunha (PP-SP) admitiu ter agredido verbalmente a ex-companheira Betina Raísa Grusiecki Marques, mas negou agressões físicas.

O advogado do deputado, Eugênio Malavasi, lamentou o vazamento do material. Em nota enviada à reportagem, a defesa de Da Cunha disse que o deputado agiu “apenas para contê-la”. Segundo Malavasi, o caso corre em segredo de Justiça.

Agressões verbais foram “fruto de ríspida discussão”, diz advogado. Segundo a defesa, as ameaças e xingamentos que aparecem em um vídeo divulgado pelo “Fantástico”, da TV Globo, são “fruto de uma ríspida discussão conjugal e, agora, expostas por meio de uma gravação claramente premeditada”, diz a nota.

Ele diz que não agrediu a ex-companheira fisicamente. A defesa dele diz, por meio de nota, que o deputado agiu “apenas para conte-la”. Na versão do advogado, “ele sim, [foi] atingido de forma violenta, causando-lhe grave ferimento na cabeça.”

Em depoimento à Justiça, a ex-mulher de Da Cunha, Betina Raísa Grusiecki Marques, disse que ele a agrediu. O caso ocorreu em 14 de outubro de 2023, em um apartamento em Santos (SP).

A defesa de Da Cunha também disse que os exames não constataram lesões. “A acusação de agressão física não se sustenta, corroborado, inclusive, pelos exames do Instituto Médico Legal (IML) que não constataram lesões ou marcas em áreas sensíveis do corpo como rosto e pescoço.”

Danos patrimoniais foram “causados sob forte emoção”, disse a defesa. Segundo o advogado, Da Cunha “se prontificou, desde o início, a ressarcir tais prejuízos, antes mesmo das medidas protetivas impostas pela Justiça”.

A reportagem procurou a advogada de Betina, mas não conseguiu contato.

ÁUDIOS MOSTRAM AMEAÇAS E OFENSAS

O conteúdo principal da gravação é o áudio. O vídeo, gravado de um celular que estava em uma bolsa, mostra poucas imagens. É possível ver Betina e Da Cunha algumas vezes. Veja a transcrição:
Da Cunha: Vai correndo para casa da mamãezinha.
Betina: Não. Não vou para casa da mamãe.
Da Cunha: Vai correndo para casa da mamãezinha.
Betina: Não. Não vou para casa da mamãe.
Da Cunha: Pode parar. Pode parar, senão vou te matar aqui.
Betina: Vai me matar?
Da Cunha: Matar.
Betina: Ah, então mata.
Agressão e perda de consciência, segundo a mulher. Em seguida, é possível ouvir um barulho. Betina disse em audiência que, nesse momento, foi empurrada com força e sufocada por Da Cunha. Ela teria perdido a consciência.
Ao recobrar os sentidos, Betina teria sido agredida outra vez por Da Cunha. O deputado teria batido a cabeça dela contra a parede. No vídeo, é possível ouvi-lo dizendo:
Da Cunha: Desmaia aí. A tua conta já deu. A tua conta já deu.
Betina: Me solta. Chama a polícia. Chama a polícia. Sai.

Na audiência, Betina diz que bateu com um secador contra a cabeça de Da Cunha para parar as agressões. O deputado começou a sangrar. Em seguida, Betina teria chamado os filhos do deputado, que ficaram desesperados ao ver o sangue.

Da Cunha disse, também em audiência, que “em momento nenhum” bateu a cabeça de Betina na parede. Ele abriu um boletim de ocorrência contra ela pelo ferimento com o secador.

O Ministério Público concluiu que Betina agiu em legítima defesa. O IML atestou que Betina tinha escoriação no couro cabeludo e lesões corporais leves.

Áudio mostra que Da Cunha propôs um acordo para caso não ser divulgado. Gravado após o episódio, ele mostra uma conversa entre Da Cunha e a mãe de Betina. O deputado disse que Betina não deveria divulgar o vídeo, ou ele iria “perder o mandato”.

Mãe de Betina: A minha filha tem moral. A minha filha é íntegra.
Da Cunha: Queria que você conversasse com ela para não lançar esse vídeo, porque esse vídeo acaba com minha vida. Colocar um vídeo desse, eu vou perder o meu mandato.

O deputado poderá responder na Justiça por três crimes: de ameaça, dano qualificado e lesão corporal decorrente da violência doméstica, segundo noticiou o “Fantástico”.

O QUE DIZ O BO

“Hoje o autor, após consumir bebida alcoólica, promoveu uma discussão e atacou a sua honra, dizendo ‘putinha, não serve para nada, lixo’, passando a bater a sua cabeça na parede, e apertando o seu pescoço, vindo a vítima a desmaiar e, ao recordar, ele veio novamente em sua direção, e a vítima jogou um secador na cabeça dele, neste interregno, ele bate sua cabeça novamente na parede e disse: ‘Vou encher de tiros a sua cabeça, vou te matar e vou matar a sua mãe’, quebrando seus óculos e jogando cloro nas roupas da vítima”, diz trecho do boletim de ocorrência registrado por Betina no dia dos fatos.

QUEM SÃO DA CUNHA E BETINA

Carlos Alberto Da Cunha, 46, é delegado da Polícia Civil de SP. Em 2022, ele foi eleito para o seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, com 181.568 votos.

Betina Raísa Grusiecki Marques, 28 anos, é nutricionista. Ela tem 80 mil seguidores no Instagram e posta fotos e vídeos sobre nutrição esportiva.

Da Cunha e Betina tiveram uma união estável por três anos.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado