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Política & Poder

CPI já pode pedir indiciamento por crime sanitário e contra a vida, diz Omar Aziz

Presidente da comissão entende que é impossível não responsabilizar Bolsonaro pelo caos na saúde pública devido à falta de vacinas e à imunidade de rebanho

Willian Matos

01/06/2021 7h22

Omar Aziz

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Para o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), a comissão já reuniu provas suficientes para indiciar agentes públicos por crime sanitário e por crime contra a vida. Um mês após ser instalada, a CPI já ouviu pessoas o bastante para entender que o presidente Jair Bolsonaro evitou comprar vacinas e se orientou através de uma espécie de gabinete paralelo, ignorando o Ministério da Saúde, avalia Omar.

“Já temos provas suficientes de que o Brasil não quis comprar vacina”, disse o presidente da CPI, ao Estadão/Broadcast Político. Omar assegurou à população que a CPI “não vai dar em pizza”, mas preferiu, por ora, não citar os nomes de quem deverá ser indiciado pelos crimes. No entanto, o senador acredita ser impossível não responsabilizar Bolsonaro.

Para Omar, os depoentes até agora também provaram que o suposto gabinete paralelo de Bolsonaro o convenceu a apostar na tese da imunidade de rebanho. Trata-se de uma teoria que aposta que, se grande parte da população for infectada pelo novo coronavírus, o vírus deixaria de circular, uma vez que as pessoas teriam adquirido anticorpos. No entanto, a hipótese não é comprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Há ainda diversos casos de pacientes que testaram positivo mais de uma vez em longo espaço de tempo.

Após ouvir dez depoimentos, Aziz está convencido de que a posição de Bolsonaro tem por trás as orientações de integrantes de um “gabinete paralelo” na pandemia, formado por médicos e auxiliares do governo defensores de medicamentos sem respaldo da comunidade científica.

“Ele se reunia muito mais com o ‘gabinete paralelo’ do que com o ministro da Saúde”, observou o presidente da CPI. “Comportamento atípico em relação a qualquer líder mundial. Nem em uma republiqueta, que não tem absolutamente nada, o líder fica sem máscara, fica falando esse tipo de coisa. Vocês lembram que o Pazuello disse que se reunia com o presidente uma vez por semana, quiçá de 15 em 15 dias? Não se reunia com o ministro, mas se reunia naquele ‘gabinete paralelo’ diariamente”, emendou o senador, numa referência ao depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que foi novamente convocado.

Um destes médicos seria a infectologista Nise Yamaguchi. Em depoimento, o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, declarou que Nise sugeriu ao governo que incluísse a covid-19 entre as indicações da cloroquina, medicamento sem eficácia contra a doença. Ela será ouvida nesta terça-feira (1º) pela CPI.

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