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Política & Poder

Conheça Erasmo Dias, figura destacada da ditadura e homenageado em lei por Tarcísio

Durante sua ascensão, participou, em 1962, de uma tentativa frustrada de depor João Goulart

Redação Jornal de Brasília

29/06/2023 13h31

Foto: Reprodução

O coronel Erasmo Dias, agora homenageado pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi um dos expoentes da ditadura militar no Brasil (1964-1985) e um dos símbolos da repressão aos estudantes.

Nascido em Paraguaçu Paulista em 1924, ele se formou na Escola Militar de Resende (atual Academia Militar das Agulhas Negras, no Rio) aos 21 anos e avançou na carreira de forma contínua. Em 1973, já como coronel, tornou-se chefe do Estado Maior da 2ª Região Militar, em São Paulo.

Durante sua ascensão, participou, em 1962, de uma tentativa frustrada de depor João Goulart, então presidente da República. No golpe dois anos depois, comandou a ocupação de uma refinaria em Cubatão (SP).

Sua notoriedade, entretanto, veio apenas na década seguinte, quando atuou como secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo de 1974 a 1979, com duas breves interrupções.

Era setembro de 1977, e um decreto do presidente Ernesto Geisel proibia concentrações estudantis em todo o país. No dia 22, porém, a UNE (União Nacional dos Estudantes) desafiou essa ordem com um encontro na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Cerca de 2.000 alunos estavam reunidos no local quando Erasmo Dias apareceu de surpresa. Os policiais liderados pelo coronel perseguiram os jovens com cassetetes e bombas. Centenas foram presos e 19 ficaram feridos, sendo 18 mulheres – duas delas passaram cerca de um mês no hospital.

Trinta anos depois, Erasmo Dias disse à Folha de S.Paulo que não se arrependia do episódio que marcou sua vida. “Não faria nada diferente”, afirmou. “Só usamos gás lacrimogêneo para fazer chorar e água fria para esfriar a cabeça: são coisas ótimas para quem está de cabeça inchada.”

Sem arrependimentos, mas com mágoas. Em 2004, por exemplo, considerou-se merecedor de indenização pela repercussão da invasão na PUC. “Sou estigmatizado por ter defendido com unhas e dentes o Brasil contra o regime comunista putrefato”, disse.

No final de sua carreira política, Erasmo Dias foi secretário na década de 1970, deputado federal (1979-1983, pela Arena), deputado estadual (1987-1999, pelo PDS e PPR) e vereador (2001-2004, pelo PPB).

Ele faleceu em 2010, aos 85 anos, devido a um câncer no estômago e no fígado.

Como homenagem póstuma, o governo de Tarcísio de Freitas promulgou uma lei que nomeia um entroncamento de rodovias em Paraguaçu Paulista como “Deputado Erasmo Dias”.

A reitora da PUC-SP, Maria Amália Pie Abib Andery, professores e alunos da universidade assinaram uma nota de repúdio à homenagem.

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