O Brasil precisa de uma política macroeconômica com visão clara de mercado, capaz de gerar um ambiente estável de negócios. Para isso, necessita de um sistema tributário mais inteligente e intensificar as negociações bilaterais. Esta é a visão sobre a economia do País apresentada pelo governador de Pernambuco e provável adversário da presidente Dilma Rousseff na disputa pelo planalto em 2014, Eduardo Campos (PSB), em entrevista à revista britânica The Economist.
Campos aproveitou para defender o que já vem reiterando dentro do País: a economia também depende de uma boa gestão e objetivos claros, capazes de abrir espaço fiscal para investimento em áreas importantes. “Uma boa gestão depende intensamente da nova política”, defendeu o pernambucano, definido pela revista como tanto um gestor moderno como um político à moda antiga.
Instigado a avaliar o governo atual, Campos disse que “algumas ações são de curto prazo” e apontou que a aliança política da qual o governo faz parte não representa mais a sociedade brasileira. “Essas forças políticas não permitiriam qualquer coisa que chegue perto de uma solução para os problemas estruturais brasileiros e serviços públicos, que precisam de mais recursos financeiros e humanos”, criticou.
“A política atual na melhor das hipóteses deixaria as coisas como elas estão. Mas, no momento, corremos sério risco de regredir para o final do mandato de Lula”, completou. O governador de Pernambuco voltou a falar que se o Brasil não conseguir alcançar o caminho do desenvolvimento sustentável, muitos dos que saíram da linha de pobreza podem fazer o caminho de volta.
Questionado sobre a posição a respeito da participação do setor privado em parcerias com o setor público, Campos respondeu: “Olhe o que fiz como governador e aí estará a resposta. Somos um dos três estados que mais realiza parcerias público-privadas”. Ele defendeu a existência de regras claras para incentivar os negócios no País. “Temos que procurar recursos, seja de onde vêm do mundo, para financiar bons projetos que aumentem a produtividade de nossa economia e a qualidade de vida”, completou.
Para o político e também presidente do PSB, melhorar a produtividade no País depende de grandes investimentos em inovação. Campos ressaltou ainda que regras claras e planejamento de longo prazo aumentariam as iniciativas privadas no Brasil.
Aliança com Marina
Campos reforçou que a aliança do PSB com o grupo da Rede Sustentabilidade, da ex-senador Marina Silva, foi feita em cima de conteúdo. A definição com relação ao nome que deve concorrer às eleições em 2014, só será tomada no ano que vem, repetiu. “Nós não vemos nenhum problema em tomar essa decisão.”
Nas pesquisas de intenção de voto, a presidente Dilma Rousseff continua na frente dos demais candidatos, vencendo a eleição no segundo turno em alguns cenários. Campos disse que a parceria entre PSB e Rede vai vencer “com ideias” e com história. “Já vi uma porção de pessoas ganharem pesquisas e perderem eleições. E já vi outras pessoas perderem as pesquisas e vencerem as eleições. Eu e Marina preferimos ganhar as eleições do que as pesquisas”, disse.
Sobre as divergências com relação ao agronegócio, Campos afirmou que não há conflito com Marina, pois os dois sabem que precisam buscar um caminho positivo para o agronegócio brasileiro. “Marina e eu precisamos conversar sobre agronegócio. Nós podemos ajudar o ramo a se modernizar, reconhecer o valor da sustentabilidade, competir em mercados globais, o que demanda uma produção ambientalmente sustentável”, completou.