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Política & Poder

Brasil deve participar virtualmente de cúpula sobre Ucrânia na Arábia Saudita

Além do Brasil, teriam sido convidados para a conferência países como China, Índia, Egito, Indonésia e México, entre outros

Redação Jornal de Brasília

01/08/2023 19h33

Foto: Agência Brasil

RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O assessor internacional da Presidência, o embaixador Celso Amorim, deve participar virtualmente da conferência realizada na Arábia Saudita sobre a Guerra da Ucrânia.

O objetivo da reunião -que segundo informações veiculadas na imprensa internacional será realizada na cidade de Jiddah entre 5 e 6 de agosto- é discutir a proposta de paz ucraniana para o conflito e tentar atrair para ela o apoio de países emergentes. Os dez pontos para a paz listados pelo líder ucraniano, Volodimir Zelenski, são considerados inaceitáveis pela Rússia.

Além do Brasil, teriam sido convidados para a conferência países como China, Índia, Egito, Indonésia e México, entre outros.

A expectativa é que os Estados Unidos, maior parceiro militar de Kiev, sejam representados por seu assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan. Países europeus também devem enviar participantes.

Amorim decidiu participar virtualmente para acompanhar agendas com Lula no Brasil, segundo aliados. Poucos dias depois das consultas na Arábia Saudita, Lula participa em Belém da Cúpula da Amazônia.

Amorim participou presencialmente de uma conferência similar em Copenhague, na Dinamarca, no final de junho.

De acordo com interlocutores brasileiros, embora iniciativas sobre a guerra que incluam países não diretamente envolvidos sejam importantes, há ceticismo em relação ao formato dos encontros na Dinamarca e, agora, na Arábia Saudita.

O entrave mais relevante é que não há participação da Rússia, país que invadiu a Ucrânia e que rejeita os termos de paz exigidos por Zelenski. A proposta ucraniana inclui o julgamento de crimes de guerra russos e a retirada das forças de Moscou de todos os territórios ocupados.

Além disso, o fórum em Copenhague ocorreu em meio ao levante dos mercenários do Grupo Wagner, liderados por Ievguêni Prigojin, na Rússia. O princípio de rebelião trouxe incerteza sobre a situação política em Moscou e ofuscou as discussões na Dinamarca.

Porta-vozes do governo da Rússia –que não foi convidada– disseram que o país acompanhará os desdobramentos da reunião na Arábia Saudita à distância.

Por outro lado, o fato de a reunião estar sendo organizada pelos sauditas é um ponto relevante e coloca a agenda num patamar diferente da realizada na Dinamarca, ponderam interlocutores, principalmente pelas relações que eles mantêm com Moscou.

Amorim é o principal conselheiro para temas internacionais de Lula e foi escalado pelo presidente para representá-lo em discussões sobre o conflito. Ele já viajou este ano para Moscou, onde se reuniu com o presidente Vladimir Putin. Depois, visitou a Ucrânia, onde foi recebido por Zelenski.
Lula defende que seja criado uma espécie de clube de países interessados em discutir a paz. Segundo o petista, o grupo deveria incluir nações não envolvidas no conflito -ele já citou China e Indonésia como exemplos de possíveis participantes.

A proposta brasileira, aliada a declarações de Lula vistas como pró-russas, teve recepção fria no Ocidente.

A fala do petista que mais gerou reações ocorreu em Pequim, durante sua visita à China, em abril. Na ocasião, ele cobrou que os EUA “parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz” para encaminhar um acordo no Leste Europeu, uma referência ao envio de armas para que Kiev se defenda das ofensivas russas.

Poucos dias depois, enquanto o chanceler russo, Serguei Lavrov, era recebido em Brasília, um porta-voz do governo americano descreveu a postura de Lula sobre a Ucrânia como uma “repetição automática da propaganda russa e chinesa” e “profundamente problemática”.

Países do Ocidente consideram que Amorim é o arquiteto da abordagem de Lula para o conflito. Eles também veem o ex-chanceler como figura incontornável para tratar do o tema com o governo brasileiro.

Em meados de junho, um dos principais assessores de Zelenski telefonou para Amorim, em um gesto interpretado como uma tentativa de reaproximação.

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