LUCAS MARCHESINI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato à prefeitura de São Paulo, voltou a se reunir com o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, para discutir a crise da Enel na capital paulista.
Ele aproveitou a agenda para criticar o seu provável adversário nas eleições municipais deste ano, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
“Falta comando, liderança, iniciativa e capacidade de diálogo com concessionárias [à Nunes] e por isso o governo federal está puxando para si [a responsabilidade]”, disse Boulos.
Ele estava acompanhado na agenda por outros deputados federais por São Paulo, como Rui Falcão (PT-SP) e Nilto Tatto (PT-SP). Ambos devem apoiá-lo nas eleições deste ano.
Não é a primeira vez que Boulos e Silveira discutem o assunto. Ambos conversaram por telefone no dia 1º de abril.
Na ligação o ministro detalhou a determinação para que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) abra processo que pode levar à cassação da concessão da Enel e se colocou à disposição de Boulos no enfrentamento da questão. Na ocasião, combinaram também o encontro realizado nesta quarta (10).
Boulos apresentou ainda sugestões de melhorias para os contratos de concessões. Para ele, é necessário regionalizar por bairro os índices de qualidade da prestação do serviço. Hoje, isso é feito em uma escala maior.
O deputado propôs ainda que em caso de caducidade do contrato, solução defendida por Boulos para a Enel, a companhia que teve seu contrato rompido não possa participar da concessão para substituí-la. De acordo com Boulos, o ministro Silveira deve anunciar novidades nas renovações de contratos de energia na próxima semana.
“Nós defendemos a revisão do contrato da Enel e o governo federal está fazendo o que o prefeito de São Paulo não está fazendo”, afirmou.
O MME (Ministério de Minas e Energia) determinou no início do mês à Aneel a abertura de processo contra a Enel, lembrou o deputado federal.
O objetivo da pasta é saber se a empresa descumpriu com o contrato, se tem condições técnicas de seguir operando e se atendeu a ordem recente da Aneel para regularizar seus serviços.
O processo pode levar à cassação da concessão da distribuidora de eletricidade Enel em São Paulo.
A manutenção da multa de R$ 165 milhões aplicada pela Aneel à concessionária pela demora em reestabelecer a energia após as tempestades em 3 de novembro de 2023 também elogiada por Boulos.
Ao sair do encontro, Boulos também foi questionado sobre a operação da Polícia Federal e outros órgãos públicos contra empresas de ônibus de São Paulo. A investigação apura laços entre as empresas e o PCC.
“O que aconteceu ontem foi muito grave. As empresas [investigadas] receberam R$ 800 milhões dessa gestão somente no último ano. O prefeito de São Paulo precisa explicar porque repassou”, cobrou o deputado.