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Política & Poder

Boulos diz que Salles busca uso eleitoreiro de CPI do MST para viabilizar candidatura em 2024

“Ele quer fazer uso eleitoreiro da CPI, quer usar a CPI de palco para viabilizar a candidatura dele em São Paulo. É lamentável”

FolhaPress

18/05/2023 21h16

Ex-ministro do meio ambiente critica revista Time com Lula, mas já parabenizou Bolsonaro por sair nela (Foto: Marcelo Camargo/ABR)

VICTORIA AZEVEDO
BRASÍLIA, DF

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que Ricardo Salles (PL-SP) quer fazer uso eleitoreiro da CPI do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), da qual é relator, para viabilizar a sua candidatura à Prefeitura de São Paulo.

“Ele quer fazer uso eleitoreiro da CPI, quer usar a CPI de palco para viabilizar a candidatura dele em São Paulo. É lamentável”, disse Boulos, após entrevista de Salles à Folha de S.Paulo na qual cogitou a possibilidade de a comissão atingir o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), ligado ao deputado do PSOL.

O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a comissão poderá aumentar o seu escopo de atuação e investigar invasões de propriedades urbanas.

alles e Boulos articulam suas candidaturas à prefeitura da capital paulista em 2024.

Boulos disse que a possibilidade de investigação cogitada pelo relator não o preocupa “em absolutamente nada”. “Se ele criar um desvio de finalidade da CPI e tratar de tema que não está no escopo dela, isso não dura dez minutos. Não se sustenta nem na Câmara nem no Judiciário. É antiregimental.”

Questionado se avalia judicializar a questão caso isso ocorra, Boulos afirmou que espera não precisar chegar a esse ponto –e que acredita que a Câmara poderá reagir e “colocar um freio” à iniciativa. “Ver uma CPI instrumentalizada para usos pessoais do seu relator eu acredito que o próprio presidente da Câmara vai colocar limite a isso.”

A comissão foi instalada nesta quarta-feira (17) em uma sessão marcada por ataques ao movimento e pela troca de acusações entre parlamentares ruralistas e governistas. A maioria dos membros da CPI integra a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), uma das maiores forças da Casa.

Os principais postos da comissão ficaram nas mãos de representantes da bancada do agronegócio e ligados à oposição. O presidente da CPI será o Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS).

Kim Kataguiri (União Brasil-SP) será o primeiro vice-presidente, Delegado Fabio Costa (PP-AL) será o segundo vice-presidente e Evair Vieira de Melo (PP-ES) será o terceiro vice-presidente.

Boulos afirmou que Salles “não tem credibilidade alguma” e tem “zero isenção” para ser relator da comissão. “Ele é o cara de passar boiada, acusado de relação com madeireiro. Isso já coloca sob suspeição a maneira como vai ser conduzida a CPI”, disse.

“Se for falar de crime, vamos falar do tráfico de madeira e de crimes ambientais cometidos a rodo pelo Ricardo Salles quando era ministro do Meio Ambiente. Uma comissão como essa que vai analisar crimes no campo deveria começar por aí, pelos crimes da turma do Salles, de madeireiros e garimpeiros.”

Líder do PSOL na Câmara, o deputado afirma que sempre que achar necessário irá participar das sessões da CPI para “combater arbitrariedades e tentativas de criminalizar movimentos sociais”.

O PSOL escolheu as deputadas Sâmia Bomfim (SP) e Talíria Petrone (RJ) para integrarem a comissão. Já o PT indicou nomes ligados ao movimento sem terra e escalou a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann (PR).

Na noite desta quinta (18), a direção nacional do movimento sem terra divulgou uma nota afirmando que a CPI foi instalada sem objeto determinado e que ela representa “uma tentativa de criminalizar o MST e pressionar o governo”.

O texto critica a escolha de Salles e Zucco nos postos de comando da comissão e diz que eles não têm legitimidade para conduzir qualquer tipo de investigação contra o MST.

O MST também afirma que criminalizar a luta do movimento por meio de uma CPI é uma estratégia para “omitir as reais mazelas do campo” e lista aspectos como “crescente desmatamento, grilagem de terra, queimadas, violência no campo, uso de mão de obra análoga à escravidão”.

Ainda na nota, o movimento diz que defende o cumprimento da Constituição e que as famílias sem terra acampadas fazem “a luta digna por terra, teto e trabalho, direitos assegurados na Carta Magna”.

“Sabendo que nossa luta é justa e que, nesta CPI, não somos nós os criminosos, dela participaremos para apresentar a reforma agrária que o Brasil precisa”, diz o texto.

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