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Política & Poder

Bolsonaro inflama seu ‘exército’ de apoiadores ao iniciar campanha eleitoral

Ele afirma estar “confiante” de que Bolsonaro vencerá a eleição “no primeiro turno”, marcado para 2 de outubro

Redação Jornal de Brasília

17/08/2022 16h02

Foto: Agência Brasil

“Juro de novo dar a vida pela nossa liberdade”, lança Jair Bolsonaro sob aplausos de uma multidão de militantes convictos, alguns dos quais dizem estar prontos até mesmo para “lutar com armas” no caso de uma derrota do presidente nas eleições de outubro.

Felipe Vicente Alves, em meio ao povo reunido nesta terça-feira (16) para um ato no exato local onde Bolsonaro foi esfaqueado por um homem com transtornos mentais há quatro anos, lembra bem daquele 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais.

“Eu estava participando do evento, […] até o momento que ele foi esfaqueado e comecei a ver as pessoas se juntando em volta para dar os socorros e retirar ele”, conta esse consultor previdenciário de 41 anos que veste orgulhosamente a camisa amarela da seleção brasileira.

“Depois fiquei buscando informações e orando por ele”, diz Alves, que considera “muito simbólico” que Jair Bolsonaro lance sua campanha no mesmo lugar onde se esquivou da morte.

Ele afirma estar “confiante” de que Bolsonaro vencerá a eleição “no primeiro turno”, marcado para 2 de outubro, apesar do chefe de Estado estar atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas.

É que os bolsonaristas mais fervorosos acreditam que as pesquisas são manipuladas e que o ex-capitão do exército, de 67 anos, é, na realidade, o candidato mais popular.

“Em qualquer lugar que está o Bolsonaro tem uma multidão absurda […] Então é natural que o candidato mais seguido pelo povo ganhe. Se isso não acontecer, é natural que se desconfie que tenha uma coisa errada”, explica.

E declara estar disposto a contestar os resultados: “Se em algum momento for necessário lutar de fato pelo país, lutaremos, e com armas inclusive, se for necessário.”

Seu irmão, Carlos Henrique Augusto, é mais moderado. “A gente não é a favor de guerra civil […] A mídia cria um fantasma, um monstro de que todo bolsonarista anda armado e sai atirando nas pessoas. Não é verdade, acreditamos apenas que o cidadão tem o direito de se defender”, argumenta.

“Tenho armas e, se necessário para a defesa do meu país, eu uso”, diz João Vitor Ferreira, de 39 anos, de cabelo raspado, que foi ao comício com sua esposa e sua filha de nove anos

‘Valores da família’

Jair Bolsonaro, que repete que o “povo” é o seu “exército”, não para de lançar dardos contra o sistema de votação eletrônica. Alguns temem que conteste os resultados da eleição caso perca, o que pode levar a cenas de violência como as do Capitólio em Washington, nos Estados Unidos, em janeiro de 2021.

Na multidão de bolsonaristas, um homem agitando uma bandeira onde se lê “Trump 2024” atrai aclamações.

“Peço que não entreguem o nosso país na mão dos nossos inimigos”, defende no palco a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, ovacionada pelo público.

Ao final de seu discurso repleto de referências bíblicas, ela pede aos presentes que fechem os olhos para rezar o Pai Nosso.

Bolsonaro “é um presidente que apoia a fé cristã, ele defende os valores da família”, diz Pâmela Lima, uma estudante de 22 anos que compareceu ao evento com um grupo de jovens de sua igreja evangélica.

Para Conceição Nicolatino, de 80 anos, o bolsonarismo não é um assunto de família. Seu filho, que mora com ela e seus três netos, é eleitor de Lula.

“Eu peguei minha camisa com a foto do Bolsonaro e me arrumei no meio da sala, na frente do meu filho, sem problema. A gente se dá bem”, conta.

Essa senhora idosa de cabelos tingidos de ruivo e ombros cobertos por uma bandeira do Brasil caminha com a ajuda de uma muleta, mas não hesitou na hora de driblar a aglomeração para ver seu candidato favorito.

Sentada em uma cadeira para acompanhar o comício, ela diz que ficou “encantada” por Bolsonaro, com o “jeito dele, quando ele xinga, quando ele faz motociata”.

“Gosto do jeito espontâneo dele falar. E mesmo quando ele fala palavrão, não tem problema, eu também falo”, comenta ela com um sorriso.

© Agence France-Presse

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