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Política & Poder

Bolsonaro diz que ‘lamenta pelo pior’ no caso de desaparecidos no AM

Em resposta às pressões, o mandatário afirmou, em uma rede social, existirem “oportunistas [que] só querem se promover com o caso”

FolhaPress

09/06/2022 19h53

Foto: Divulgação

Rafael Balago
Los ANgeles, EUA

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (9) que as chances de encontrar o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Philips diminuem a cada dia e que lamenta “pelo pior”, embora peça a Deus para que estejam vivos.

“Não tenho notícia do paradeiro deles. A gente pede a Deus para que sejam encontrados vivos, mas a gente sabe que a cada dia que passa essas chances diminuem”, afirmou o mandatário em Los Angeles, onde participa da Cúpula das Américas.

“Agora, eles entraram numa área, não participaram a Funai [Fundação Nacional do Índio]. Tem um protocolo a ser seguido, e naquela região normalmente você entra escoltado. Foram para uma aventura. A gente lamenta pelo pior”, disse.

“Desde o primeiro dia, quando foi dado o sinal de alerta, a Marinha entrou em campo e, no dia seguinte, as Forças Armadas e a Polícia Federal. Tem quase 300 pessoas nessa procura, dois aviões, helicópteros, barcos”, afirmou Bolsonaro, em meio às críticas pela demora nas buscas.

Em resposta às pressões, o mandatário afirmou, em uma rede social, existirem “oportunistas [que] só querem se promover com o caso”.

O indigenista e o jornalista inglês desaparecerem no último domingo (5), quando transitavam pelo Vale do Javari rumo à cidade de Atalaia do Norte (AM).

O governo foi criticado pela omissão das autoridades e pela falta de uma força-tarefa dedicada à operação de busca. A Terra Indígena Vale do Javari é frequentemente alvo de invasões de garimpeiros ilegais.

Bolsonaro já havia minimizado o episódio e classificado como “aventura não recomendada” a viagem dos dois pelo oeste do estado do Amazonas. Phillips estava realizando uma cobertura jornalística e contava com o apoio de Pereira.

Pouco depois da declaração em Los Angeles, a conta oficial do presidente no Twitter publicou que as Forças Armadas, o Ministério das Relações Exteriores e a Polícia Federal, entre outros órgãos, estão trabalhando nas buscas “de forma intensa” desde segunda.

“Mais de duas centenas de militares foram mobilizados para solucionar o caso o quanto antes”, afirmou.
“Instruí meus auxiliares a não se distraírem com narrativas midiáticas para que possam concentrar todas as energias no monitoramento dos trabalhos e nas buscas. Esses oportunistas só querem se promover com o caso. Nós queremos solucioná-lo e levar conforto aos familiares”, acrescentou.

Também nesta quinta, a chefe da embaixada Britânica no Brasil, Melanie Hopkins, afirmou que seu governo vem dando apoio à família de Phillips neste momento que ela chamou de angustiante e cobrou apoio do governo à investigação do caso.

“Estamos profundamente preocupados que o jornalista britânico Dominic Phillips e o indigenista Bruno Pereira ainda não tenham sido encontrados”, afirmou Hopkins.

“Entendemos que a localização remota da região impõe desafios logísticos consideráveis e já solicitamos ao governo brasileiro que faça todo o possível para apoiar a investigação do caso. Agradecemos a assistência prestada até o momento”, completou.

O presidente Bolsonaro terá um encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden, durante a Cúpula das Américas.

Na última terça-feira (7), a liderança indígena Sonia Guajajara, coordenadora da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), se encontrou com o assessor especial dos Estados Unidos, John Kerry, e criticou a ação do governo Bolsonaro no caso até então.

A Polícia Federal afirmou nesta quinta que encontrou vestígio de sangue no barco de Amarildo, pescador conhecido como Pelado e que, segundo testemunhas, seguiu o indigenista e o jornalista antes de eles sumirem.

“A prisão temporária já foi requerida e o material coletado está a caminho de Manaus”, disse a PF. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Amarildo.

Pelado foi preso nesta semana, mas sem relação direta com o desaparecimento. Ele foi abordado na comunidade de São Gabriel –onde os dois foram avistados pela última vez– em razão da identificação de sua lancha, mas preso em flagrante com munição de fuzil e calibre 16, que são de uso restrito.

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