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Política & Poder

Bolsonaro dançando funk machista divide aliados evangélicos, e Michelle brinca

A primeira-dama Michelle Bolsonaro, fiel de uma igreja batista, deu a entender que levou de forma leve a dancinha

FolhaPress

23/12/2021 16h56

Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Anna Virginia Ballousier
São Paulo, SP

Tudo bem o presidente Jair Bolsonaro dançar em alto mar, e seus aliados fazerem questão de compartilhar, um funk que compara mulheres da oposição progressista a cadelas? Aliados evangélicos não chegam a um consenso. Enquanto o pastor Silas Malafaia e o deputado Marco Feliciano (PL-SP) ressaltam que, por não ser um crente, o mandatário não tem que ser cobrado como tal, outros apoiadores viram a divulgação do material como descabida -afinal, Bolsonaro, que se declara católico, tem nesse núcleo de fé um dos seus principais parceiros.

A primeira-dama Michelle Bolsonaro, fiel de uma igreja batista, deu a entender que levou de forma leve a dancinha. No Instagram, escreveu que estava “acompanhando os acontecimentos de perto” sobre o print de uma ligação de vídeo entre ela e o marido. Acrescentou dois emojis dando risada e marcou uma conta que homenageia o casal.

Nenhum dos aliados evangélicos apreciou o gingado presidencial ao som do “Proibidão do Bolsonaro”, paródia da música “Baile de Favela” feita pelo MC Reaça. Diz a letra do bolsonarista morto em 2019, aos 25 anos: “As [mulheres] de esquerda têm mais pelo que cadela”.

Mas, para Malafaia, é preciso lembrar que o presidente não é evangélico. “Se ele fosse, eu seria o primeiro a reprová-lo. Não posso impor às pessoas aquilo que tem a ver com as minhas crenças, não posso impor”, diz o pastor. “Isso é uma atitude dele. Te garanto que, se fosse evangélico, não faria. Por quê? Está dentro de um escopo de princípios, nós não participamos disso.”

Feliciano, que também é pastor, segue linha de raciocínio similar. “Nós elegemos um político em quem confiamos, não elegemos um pastor ou um evangélico puritano. O que o presidente faz na vida privada não nos interessa.”

Outros evangélicos da órbita bolsonarista, contudo, acharam o vídeo inoportuno. “Foi muito ruim”, disse sem querer se prolongar no tema o apóstolo César Augusto, líder da Igreja Fonte da Vida e parte da comitiva pastoral que convive com o presidente. “Não gostei e, quanto às mulheres, não aprovo”, disse outro apóstolo próximo a Bolsonaro, Estevam Hernandes, da Renascer em Cristo. Bolsonaro, nas imagens, se diverte com a música machista e dança ao lado de dois homens jovens sem camisa, de bermuda, e uma mulher de biquíni.

Mesmo o deputado que representa a igreja de Malafaia no Congresso, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), diz que o compartilhamento da cena em que Bolsonaro aparece dançando um funk de teor machista foi desnecessário. “O eleitor evangélico, em especial o do interior do país, não vai ver esse vídeo com bons olhos.”

A gravação, feita no domingo (19), a bordo de uma lancha no litoral paulista, foi usada por correligionários do presidente como uma resposta ao jantar que uniu Lula (PT) e Geraldo Alckmin (sem partido, ex-PSDB), potenciais companheiros de chapa em 2022. “Bolsonaro preocupado com o ‘Jantar da Democracia’ de Lula/Alckmin”, escreveu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), primogênito do ocupante do Palácio do Planalto, numa rede social. A mesma provocação partiu do coronel Mosart Aragão, assessor político de Bolsonaro.

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