O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ameaçou novamente o Supremo Tribunal Federal (STF) na manhã desta terça-feira, 7. Durante um discurso feito na Esplanada dos Ministérios, no ato convocado por ele, Bolsonaro disse reconhecer o valor de cada poder da república, mas quem não seguir a constituição vai ter que se “enquadrar” ou “pedir pra sair”.
Sem se referir diretamente a nenhum ministro ou instituição, o chefe do executivo seguiu ameaçando indiretamente o STF. “Ou o chefe do poder [o ministro Luiz Fux] enquadra o seu, ou esse poder [Supremo Tribunal Federal] pode sofrer aquilo que nós não queremos”, ameaçou.
Bolsonaro afirmou ainda que o ministro perdeu as condições de continuar no tribunal, segundo o presidente, o povo não pode continuar aceitando que Fux continue paralisando a nação. “O ministro específico do STF perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal. Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica continue paralisando a nossa nação.”, disse.
No discurso, o presidente também proferiu ameaças a governadores e prefeitos, afirmando que eles obrigaram as pessoas a ficarem em casa. “Alguns governadores e prefeitos simplesmente ignoraram dispositivos funcionais, como os incisos do artigo 5º da Constituição. Muitos foram obrigados a ficar em casa. Perderam o direito de ir e vir, do trabalho”.
O discurso de ameaça a Fux, se alinha ao anterior feito por Bolsonaro, também nesta terça-feira, 7, durante o hasteamento da bandeira. O presidente afirmou que vai continuar jogando dentro das “quatro linhas”, mas não vai admitir quem jogar fora delas. “Vou continuar jogando dentro das quatro linhas, mas a partir de agora não admito que outras pessoas, uma ou duas, joguem fora das quatro linhas. A regra do jogo é uma só: respeito à nossa Constituição”, disse, em declaração semelhante a dada na manifestação.
Governadores saem em defesa da democracia
Também ameaçados por Bolsonaro, governadores se manifestaram nas redes sociais a favor da democracia. O ato, que contrapõem as ameaças do presidente as instituições, foi dado em nome do Dia da Independência, comemorado nesta terça-feira, 7.
“Não podemos tolerar retrocessos. Que o Estado Democrático de Direito e os valores da liberdade sempre prevaleçam sobre o autoritarismo para o Brasil voltar a crescer, gerar empregos e diminuir as diferenças sociais. Viva a independência”, declarou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), também se manifestou. “Independência é comida no prato, e não fuzis”, afirmou em uma crítica indireta a Bolsonaro.
Flávio Dino (PSB), governador do Maranhão, também tirou um tempo para dar uma declaração. “Viva a Constituição, nosso escudo contra arruaceiros, milicianos e demais criminosos. Viva o Brasil!”, escreveu.