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Política & Poder

Após Bolsonaro participar de ato, Saúde volta a se opor a aglomerações

No ato em Brasília, manifestantes gritavam e exibiam cartazes “Fora, Maia” e um deles chegou a pedir que o presidente fechasse o Congresso Nacional

Redação Jornal de Brasília

15/03/2020 21h00

Brazilian President Jair Bolsonaro takes a selfie with supporters in front of the Planalto Palace, after a protest against the National Congress and the Supreme Court, in Brasilia, on March 15, 2020. (Photo by Sergio LIMA / AFP)

Após o presidente Jair Bolsonaro atropelar recomendações sanitárias e participar de ato pró-governo, o Ministério da Saúde voltou a orientar que sejam evitadas aglomerações e contatos próximos. “A recomendação vale para manifestações, shows, cultos e encontros, entre outras atividades”, disse a pasta em nota enviada no fim da tarde deste domingo, 15.

Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o novo coronavírus, Bolsonaro participou da manifestação em Brasília. Primeiro com o punho fechado, o presidente cumprimentou apoiadores. Depois, chegou a usar o telefone celular de algumas pessoas para tirar selfies ao lado delas, além de cumprimentá-las com as mãos abertas. Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos. Em menos de dois minutos seis celulares de fãs passaram pelas mãos de Bolsonaro para selfies.

Fontes médicas e do governo informaram que a recomendação para Bolsonaro, que testou negativo para coronavírus, era permanecer em isolamento até a próxima quarta-feira, quando completa o prazo de sete dias de seu último contato com o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, infectado com o coronavírus. Além dele, outras seis pessoas que estiveram com Bolsonaro nos Estados Unidos também testaram positivo para a covid-19. Neste domingo, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) informou que também estão com coronavírus quatro integrantes da equipe da pasta que deu suporte à viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos.

No ato em Brasília, manifestantes gritavam e exibiam cartazes “Fora, Maia” e um deles chegou a pedir que o presidente fechasse o Congresso Nacional. Os apoiadores também criticaram o presidente do STF, Dias Toffoli.

Na semana passada, Bolsonaro chegou a pedir para que as manifestações fossem adiadas, mas apoiadores seguiram insistido em promover os protestos e iniciaram o movimento nas redes sociais #DesculpeJairMasEuVou.

Recomendações do Ministério

O Ministério da Saúde fez recomendações na semana passada para que eventos com aglomerações fossem cancelados, adiados ou realizados sem público. Ontem, após pressão do setor de turismo, a pasta recuou e orientou a medida apenas para locais com transmissão comunitária do vírus, quando não é possível identificar quem pegou de quem. São os casos de São Paulo e do Rio de Janeiro.

O recuo do ministério por pressão do setor do turismo e a ida de Bolsonaro ao protesto, atropelando a cartilha sanitária do governo, causaram constrangimento entre autoridades que trabalham para conter o avanço do novo coronavírus. A leitura é de que falta autonomia ao ministério para decidir quais medidas devem ser adotadas pelo País.

Causou ainda perplexidade no governo a presença do diretor-presidente substituto da Anvisa, Antonio Barra Torres, no ato pró-governo. Ele estava ao lado de Bolsonaro e chegou a fazer fotos com o presidente.

Barra Torres se tornou um conselheiro de Bolsonaro para assuntos de saúde. Apesar de elogiado por ações para conter uma crise sanitária no Brasil, o ministro Mandetta não cai nas graças de Bolsonaro, dizem fontes do governo.

A Anvisa não se manifestou sobre se Bolsonaro contrariou recomendações do órgão e da Saúde para evitar uma epidemia de novo coronavírus. Disse apenas que Barra Torres aceitou convite para conversa informal no Palácio do Planalto com Bolsonaro.

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