"Vocês pensam que eu fico, mas eu não fico desconfortável, mesmo porque, quando fui candidato a vice, os quatro principais candidatos à Presidência me convidaram com muita honra, isso em 2001, 2002, um ano antes. Eu, provavelmente, não tenha feito por merecer um novo convite", afirmou Alencar a jornalistas, após uma solenidade no Palácio do Planalto, onde sentou-se ao lado de Lula.
"Naquele tempo (campanha de 2002), eles gostavam de mim, eu era senador. Agora, eu não recebi convite nenhum, de nenhum candidato", acrescentou.
O presidente e seus auxiliares ainda não bateram o martelo sobre o companheiro de chapa. Neste sábado, o PT lança, em convenção nacional, a candidatura de Lula, mas o lugar de vice tende a ser anunciado na semana que vem.
As negociações sobre a candidatura começaram com antecedência, mas indefinições sobre alianças partidárias fizeram com que a decisão fosse adiada. A vice-presidência chegou a ser tratada com o PMDB, mas a legenda acabou por decidir não ter candidato próprio nem apoiar outro nome.
Agora, Lula negocia a vice com o PSB, mas, se realizar a coligação nacional, o partido teme não atingir a cláusula de barreira e deixar de eleger um número mínimo de deputados que assegure sua sobrevivência como agremiação política.
O PSB alega perder votos à Câmara dos Deputados se fechar a coligação nacional, já que em alguns Estados a aliança com o PT é mais complicada e desfavorável ao partido. A legenda argumenta que, nesses locais, o PT não quer fazer concessões para viabilizar a união nacional, que daria à chapa de reeleição um tempo adicional de TV.
José Alencar não descartou disputar eleições em Minas Gerais, seu Estado.
"Posso ser candidato a cinco cargos diferentes. Agora, a vice, eu não posso. Vice é objeto de convite e de aceitação. Não existe candidatura a vice."
Ele ainda deu uma resposta enigmática, vinculando o impasse à vontade e proteção divinas. Disse que é "cristão, católico apostólico romano" e que "provavelmente, Deus esteja me protegendo".