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Política & Poder

AGU exonera de cargo de direção servidor que participou de reunião ministerial de Bolsonaro

O órgão disse ainda que abriu uma “instrução preliminar, de natureza investigativa, para verificar se houve transgressão disciplinar”

Redação Jornal de Brasília

16/02/2024 15h26

Foto: Banco de Imagens

RANIER BRAGON

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A AGU (Advocacia-Geral da União) exonerou nesta sexta-feira (16) de cargo de coordenador na Diretoria de Gestão e Cálculo da Procuradoria-Geral Federal do órgão o servidor que participou da reunião ministerial de Jair Bolsonaro (PL) de 5 de julho de 2022, ocasião em que foram feitas manifestações de teor golpista.

O órgão disse ainda que abriu uma “instrução preliminar, de natureza investigativa, para verificar se houve transgressão disciplinar” por parte do servidor.

Adler Anaximandro Alves, que na época era secretário-geral de Consultoria da AGU, foi um dos integrantes da reunião, em que estava presente também o titular, Bruno Bianco –que deixou a AGU e hoje está na iniciativa privada.

No encontro, Bolsonaro e auxiliares discutem claramente cenários golpistas.

“Eu vou entrar em campo usando o meu Exército, meus 23 ministros (…) Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: o que que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia?”, afirmou Bolsonaro nessa reunião, segundo a transcrição feita pela PF.

O vídeo, segundo o inquérito, estava armazenado em um computador apreendido com Mauro Cid, então chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro e hoje colaborador das investigações.

Adler não se pronuncia na reunião, apenas Bianco.

“A Advocacia-Geral da União (AGU) informa que abriu instrução preliminar, de natureza investigativa, para verificar se houve transgressão disciplinar na participação do procurador federal Adler Anaximandro de Cruz e Alves, então secretário-geral de Consultoria da AGU, na reunião ministerial do dia 05/07/22 em que foram mantidas discussões de teor golpista”, disse o órgão, em nota.

A finalidade do procedimento, afirma, é reunir em até 60 dias “os elementos necessários à formação do juízo de convicção da autoridade competente para a instauração de eventual procedimento disciplinar”.

Adler recebeu perguntas da Folha de S.Paulo sobre a sua participação na reunião, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.

A Polícia Federal deflagrou no último dia 8 a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito. Bolsonaro é um dos alvos.

Ocorrida em um contexto de forte ofensiva do ex-presidente contra a lisura das urnas eletrônicas, a reunião da cúpula do governo contou com a presença, entre outros, do então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, do então ministro da Justiça, Anderson Torres, e do então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira.

“A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça eleitoral”, escreveu Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em sua decisão.

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