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Opinião

Dengue: falta uma luz no fim do túnel

Cabe à classe política de uma nação apontar à população a luz no fim do túnel nos grandes momentos de mobilização

Redação Jornal de Brasília

27/02/2024 10h14

Imagem ilustrativa criada a partir de IA

Por Alex Cavalcante Alves*

Enquanto se gasta uma enorme energia de todos os espectros políticos debatendo a respeito de posicionamentos sobre conflitos internacionais a respeito dos quais o Brasil tem poucas chances de apresentar uma solução efetiva, perde-se a oportunidade de alcançar união em busca de soluções para um problema interno que está tirando a vida de centenas de brasileiros: a epidemia de dengue.

As declarações de gestores públicos sobre a alegada impossibilidade de solucionar a atual crise com vacinação, a ausência da percepção, por parte da população, de esforços adicionais em larga escala do Poder Público para combater o mosquito ou para ampliar a rede hospitalar pública e privada, não estão contribuindo para a melhoria do clima nacional.

Isso porque não se soube ainda de esforço da classe política no sentido de: a) fazer gestões junto ao laboratório que produz a vacina contra a dengue, a fim de buscar que se amplie a produção da vacina; b) enviar técnicos brasileiros para auxiliar nesse processo; c) reforçar as equipes dos centros de excelência brasileiros, inclusive por meio da mobilidade de servidores de outras instituições, para o desenvolvimento da vacina nacional; d) oferecer incentivos à rede privada para ampliação das unidades hospitalares; e) ampliar de forma permanente os quadros e a capacidade de atendimento da rede pública de saúde, apenas para listar algumas ações que podem parecer “fora da caixa”, mas que poderiam ser articuladas com vistas a enfrentar momentos de crise.

O que se está percebendo vai no sentido contrário: o discurso burocrático, como visto, parece ser o de que devemos nos conformar com o estado de coisas e aguardar, rezando para que, se contaminados, consigamos atendimento em hospital e sobrevivamos à doença. Por sua vez, a iniciativa privada está impedida de contribuir com o esforço de imunização, diante do posicionamento do laboratório fabricante de fornecer vacinas exclusivamente para o governo brasileiro. Caminha a passos lentos a imunização nacional, alcançando no momento apenas a faixa dos 10-11 anos de idade. Enquanto isso os outros públicos, independentemente de sua situação de saúde e de possível risco em caso de exposição à doença, como os próprios profissionais de saúde, seguem esperando uma luz no fim do túnel.

Mesmo as tradicionais ações de controle dos focos da doença parecem estar no ritmo de sempre, ou seja, não foram intensificadas a ponto de tranquilizar a população de que serão capazes de amenizar o quadro da epidemia, que ainda está longe do seu pico, segundo especialistas no estudo das arboviroses. Há diversos relatos de cidadãos que ainda não viram atuação efetiva do Poder Público para o combate à dengue em sua vizinhança, nem que seja pela passagem dos carros de fumacê.

Possuímos técnicos capacitados, estrutura industrial consolidada, gestores públicos valorosos. Parece, entretanto, estar faltando união e conscientização interna para priorizar o combate à dengue na agenda nacional, de modo que possamos vencer juntos essa epidemia. O que não podemos fazer, de forma alguma, é nos conformar com a situação de ver hospitais no limite de sua capacidade e vidas sendo abreviadas por uma doença tão antiga e para a qual já há conhecimento científico sobre as formas de imunização. É preciso que o Poder Público aponte para a população a saída desse túnel que teima em nos assombrar.

*Alex Cavalcante Alves é professor/fundador do Movimento Gestão Pública Eficiente – MGPE

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