SÃO PAULO, SP
O líder da China, Xi Jinping, disse nesta quinta-feira (27) que seu país e os Estados Unidos precisam encontrar formas de entendimento para proteger a paz e o desenvolvimento global. A declaração foi publicada pela CCTV, maior rede de televisão da nação asiática e subordinada à ditadura comunista.
“Como grandes potências, fortalecer a comunicação e a cooperação entre China e Estados Unidos ajudará a aumentar a estabilidade e a segurança globais, e promoverá a paz e o desenvolvimento mundiais”, afirmou.
O comunicado, apesar de não inovar a retórica moderada da política externa chinesa, atua como um alento de equilíbrio entre os dois países, principalmente por ter sido feita dias após o fim do 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, que ratificou um já esperado terceiro mandato de Xi.
Nos últimos meses, Pequim e Washington protagonizaram o aumento das tensões relacionadas a Taiwan, ilha independente apoiada pelos EUA, mas reconhecida pela comunidade global como pertencente à China.
Em outra via, os americanos acusam os chineses de liderar repressões contra a população de Hong Kong e de rebaixar a posição do território como hub financeiro número um na Ásia -nos últimos anos, Pequim cercou ativistas pró-democracia e colocou um aliado no poder da região. Recentemente, aliás, Xi ressaltou que a China já alcançou o “controle total” sobre a ex-colônia britânica, “transformando o caos em governança”.
Pesa também na relação entre os dois países as políticas chinesas com a minoria muçulmana uigur e a posição de Pequim na Guerra da Ucrânia. Nesse último caso, a China tem se recusado a contestar na ONU as ações de Vladimir Putin e a aplicar sanções contra a Rússia, ainda que também não adote oficialmente uma postura pró-Moscou no conflito.
Ainda na publicação desta quinta, Xi disse que “o mundo de hoje não é pacífico nem tranquilo” e que a China está “disposta a trabalhar com os Estados Unidos no respeito mútuo e na coexistência pacífica para encontrar formas de entendimento na nova era”.
A nova era citada pelo líder chinês é, justamente, o que incomoda os EUA e seus aliados ocidentais.
Ainda neste mês, a Casa Branca afirmou que Pequim é o único rival de Washington “com a intenção de modificar a ordem internacional e, cada vez mais, o poder econômico, diplomático, militar e tecnológico para alcançar este objetivo”. Em tese, o objetivo da ditadura comunista seria criar uma nova ordem mundial, diminuindo a influência geopolítica dos americanos.
Até por isso, os EUA anunciaram recentemente mais limites abrangentes para a venda de tecnologia de semicondutores para a China, medida que pretende prejudicar a capacidade de Pequim de acessar tecnologias críticas que são necessárias para tudo, desde a supercomputação até a orientação de armamentos.
Em sentido contrário, porém, o presidente americano, Joe Biden, seguiu a linha moderada de Xi e disse, na quarta (26), que seu país “não busca conflitos com a China”. As sóbrias palavras podem pavimentar o caminho para uma possível reunião bilateral entre os dois líderes em novembro, quando eles devem participar de uma cúpula do G20 em Bali, na Indonésia -até agora, nenhuma informação foi divulgada oficialmente sobre o encontro.
Resta saber, se o equilíbrio proposto por Pequim e Washington pode ser encarado como palavras ao vento ou, de fato, é o prelúdio de um acordo para o resfriamento das tensões globais.