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UE decide iniciar diálogo de adesão com Ucrânia, que comemora ‘vitória’

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou na rede X que os países do bloco “decidiram abrir negociações de adesão com Ucrânia e Moldávia”

Redação Jornal de Brasília

14/12/2023 19h48

Foto: AFP

A União Europeia (UE) chegou a um acordo, nesta quinta-feira (14), para iniciar negociações formais com a Ucrânia para sua adesão ao bloco, uma decisão que envia uma mensagem sobre a unidade europeia e que o governo de Kiev comemorou como uma “vitória”.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou na rede X que os países do bloco “decidiram abrir negociações de adesão com Ucrânia e Moldávia”.

Ademais, a UE concordou em conceder à Geórgia a condição de país aspirante à adesão.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reagiu na rede X ao assinalar que a decisão é “uma vitória para a Ucrânia. Uma vitória para toda a Europa”. Segundo o líder ucraniano, trata-se de um triunfo “que motiva, inspira e fortalece”.

Esta era a decisão mais sensível que os dirigentes da UE tinham em mãos na cúpula que começou nesta quinta, já que a oposição da Hungria para abrir essas negociações parecia inflexível.

Ao chegar à sede da reunião, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, afirmou que “não há razões para discutir nada, porque as condições [impostas à Ucrânia] não foram cumpridas […] Não estamos em posição de começar a negociar”.

Orban se ausenta da sala

Uma fonte diplomática europeia garantiu à AFP que Orban aceitou se ausentar temporariamente da sala de reuniões no momento em que os 26 países restantes do bloco aprovaram a moção.

Outra fonte, um funcionário europeu, indicou que essa decisão “não encontrou oposição”.

Um pouco mais tarde, Orban publicou no Facebook um vídeo afirmando que seu país se absteve na decisão, e acrescentou que a Hungria “não deseja compartilhar responsabilidade” por essa determinação.

Zelensky conversou com seus colegas europeus por videoconferência e, em seu pronunciamento, os advertiu que rejeitar o diálogo representaria um fracasso para a Ucrânia que a Rússia utilizaria em seu favor.

“Não deem a ele [o presidente russo, Vladimir Putin] sua primeira – e única – vitória deste ano”, suplicou.

Por sua vez, a presidente da Moldávia, Maia Sandu, afirmou na rede X que seu país “virou hoje uma página com o sinal verde da UE para as conversas de adesão”.

Esta decisão acontece no momento em que se acumulavam as dúvidas sobre a continuidade do apoio dos países ocidentais à Ucrânia em sua guerra contra a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022.

O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, se manifestou pelas redes sociais indicando que a decisão constitui “um forte sinal de apoio” à Ucrânia.

“É claro que esse país faz parte da família europeia”, comentou o dirigente alemão.

Fontes diplomáticas coincidentes afirmam que foi Scholz que, em meio ao debate, propôs a Orban que ele se retirasse da sala para que a decisão fosse adotada por unanimidade pelos presentes.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou na rede X que trata-se de “um dia que permanecerá gravado na história de nossa União”.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que foi uma resposta “lógica, justa e necessária”.

Após a reunião, Zelensky se comunicou por telefone com Macron para agradecê-lo pelo empenho no debate.

Por sua vez, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, assinalou que é “uma poderosa mensagem geoestratégica também para o resto do mundo, não somente para a Rússia”.

Durante a reunião, segundo Varadkar, Orban “apresentou seus argumentos e de maneira muito enfática. Ele está em desacordo com esta decisão […] mas essencialmente decidiu não utilizar seu poder de veto”.

Questão existencial

Ao chegar à reunião em Bruxelas, o alto representante de política externa da UE, Josep Borrell, disse que o apoio do bloco à Ucrânia era uma “questão existencial”.

Em uma carta a Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, Orban tinha inclusive pedido formalmente que a questão da Ucrânia fosse retirada da agenda da reunião, para evitar que a falta de consenso provocasse o fracasso do encontro.

No entanto, na tarde de quarta-feira, véspera da cúpula, a UE anunciou o desbloqueio de pagamentos a Hungria de até 10,2 bilhões de euros (54 bilhões de reais) que haviam sido congelados por dúvidas sobre o funcionamento do Estado de Direito no país.

Mesmo com esta decisão, o processo de adesão à UE normalmente leva muitos anos nos quais aumentam as conversas e há a implementação de reformas. Em alguns casos, podem durar mais de uma década.

© Agence France-Presse

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