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Mundo

Tailândia em luto após massacre em creche

A Tailândia é um dos países do mundo com maior número de armas em circulação, mas massacres desse tipo são raros

Redação Jornal de Brasília

07/10/2022 9h08

Foto: AFP

Famílias com os corações partidos se reuniram nesta sexta-feira (7) ao redor de uma creche no nordeste da Tailândia, principal cenário do ataque em que um ex-policial matou 37 pessoas, a maioria crianças pequenas, na quinta-feira. 

O rei Maha Vajiralongkorn e o primeiro-ministro Prayut Chan-O-Cha visitarão os sobreviventes de um dos piores assassinatos em massa da história do país. 

Ao redor do pequeno prédio, funcionários em uniformes brancos e braçadeiras pretas estenderam um tapete vermelho cedo para cumprimentar o monarca, depois retirado em meio a críticas ao gesto cerimonial.

Perto da entrada, uma fila de pais destruídos depositava rosas brancas. Uma mãe de coração partido agarrou-se ao cobertor de seu filho morto, uma segurava uma mamadeira de leita ainda meio cheia.

“É incompreensível”, disse Panita Prawanna, 19 anos, que perdeu seu filho Kamram, de dois anos. 

Os dois netos de três anos de Buarai Tanontong também morreram. “Eu não conseguia dormir. Não achava que seriam meus netos”, diz a mulher, que tenta confortar a filha.

24 crianças e uma professora grávida

Durante a noite, os caixões com os corpos das vítimas chegaram à funerária de Udon Thani, a cidade mais próxima desta zona rural. 

Armado com uma pistola 9mm e uma faca, o atirador de 34 anos, Panya Khamrab, abriu fogo neste jardim de infância na província de Nong Bua Lam Phu, no nordeste, por volta das 12h30, horário local (02h30 no horário de Brasília). 

Ele então fugiu de carro, atropelou vários pedestres e acabou matando sua esposa e filho em casa antes de cometer suicídio por volta das 15h, disse a polícia. No total, o ex-policial matou 21 meninos, 3 meninas e 13 adultos. 

Entre os adultos estava uma professora grávida, Supaporn Pramongmuk, cujo marido Seksan Srirach postou uma homenagem dolorosa no Facebook. 

“Quero agradecer a todos por apoiarem a mim e à minha família. Minha esposa cumpriu todos os seus deveres como professora”, escreveu ele. “Por favor, seja uma professora no céu. E para meu filho, por favor, cuide de sua mãe no céu”, acrescentou.

Vício em drogas

As bandeiras dos prédios oficiais foram hasteadas a meio mastro nesta sexta-feira em sinal de luto. 

Nanthicha Punchum, diretora interina da creche, descreveu as cenas horríveis depois que o agressor invadiu o local no distrito rural de Na Klang. 

“Havia alguns trabalhadores comendo do lado de fora da creche e o agressor estacionou seu carro e matou quatro pessoas a tiros”, disse ela à AFP. 

“Ele chutou a porta da frente com o pé, entrou e começou a cortar as cabeças das crianças com uma faca”, continuou. 

O chefe da Polícia Nacional, Damrongsak Kittiprapat, disse à imprensa que o ex-sargento foi suspenso em janeiro e expulso da força em junho por uso de drogas.

O agressor, que usava uma arma comprada legalmente e morava perto da creche, tinha uma audiência no tribunal nesta sexta-feira por seu “problema com drogas”, explicou. 

Ele também acrescentou que Panya estava “em estado de loucura”, mas que um exame de sangue era necessário para descobrir se ele agia sob a influência de narcóticos. 

Paweena Purichan, uma testemunha de 31 anos, contou à AFP que o homem era conhecido na área como viciado em drogas. De acordo com o relato, Panya foi encontrado dirigindo de forma irregular enquanto fugia do local.

“Ele tentou atropelar outras pessoas no caminho. Bateu em uma moto e duas pessoas ficaram feridas. Eu saí correndo”, disse a mulher que estava a caminho do trabalho. “Havia sangue por toda parte”, acrescentou. 

O primeiro-ministro Prayut ordenou uma investigação rápida sobre o ataque. 

A Tailândia é um dos países do mundo com maior número de armas em circulação, mas massacres desse tipo são raros. 

O último caso ocorreu há três anos, quando um oficial do exército matou 29 pessoas a tiros em um shopping no interior do país durante 17 horas de chacina até que a polícia o derrubou.

© Agence France-Presse

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