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Rússia vai equipar submarinos nucleares com mísseis hipersônicos

O 3M22 Tsirkon (zircão, em russo) é um míssil de cruzeiro hipersônico já em operação desde o começo do ano na fragata Almirante Gorchkov

Redação Jornal de Brasília

14/08/2023 11h59

Foto: IStock/Divulgação

IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

A Rússia está equipando novos submarinos de propulsão nuclear com mísseis hipersônicos Tsirkon, e deverá ser o primeiro país do mundo com tal capacidade ofensiva, que foi testada pela primeira vez em 2021.

A informação foi dada por Alexei Rakhmanov, o presidente da Corporação Unida de Estaleiros, um conglomerado que unificou diversos fabricantes de navios e submarinos do país, em uma entrevista à agência RIA publicada nesta segunda (14).

“Os submarinos nucleares multipropósito Iasen-M serão equipados com o sistema de mísseis Tsirkon de forma regular”, afirmou, sem especificar se isso inclui modificar as duas embarcações deste modelo que já estão operacionais -outra está em fase finais de testes de mar e cinco, em construção.

O 3M22 Tsirkon (zircão, em russo) é um míssil de cruzeiro hipersônico já em operação desde o começo do ano na fragata Almirante Gorchkov, que desde então simulou lançamentos no Atlântico Norte e em um inédito exercício com as Marinhas da China e da África do Sul.

Sua versão naval tem alcance estimado de 1.000 km e, segundo especialistas, pode chegar a Mach 9 (nove vezes a velocidade do som, ou 11 mil km/h). Ele pode carregar armas nucleares, mas não se sabe se os russos equiparam seus modelos operacionais com esse tipo de ogiva.

É uma arma mais sofisticada do que o hipersônico Kinjal (punhal), lançado de caças MiG-31K com alguma regularidade contra alvos na Ucrânia. O outro sistema hipersônico do arsenal russo em operação limitada é o Avangard (vanguarda), um planador que é levado por um míssil intercontinental até alta altitude e, de lá, manobra até seu destino com uma carga nuclear.

Eles fazem parte do pacote de “armas invencíveis” lançado por Vladimir Putin em 2018, e marcaram a liderança russa no campo dos hipersônicos. A China veio logo a seguir e, aparentemente, está com um arsenal próprio em operação. Já os Estados Unidos, para ficar nas três maiores potências nucleares, ainda patinam no setor, que tem atores como seus rivais Irã e Coreia do Norte desenvolvendo seus próprios modelos.

O desempenho do Kinjal na Ucrânia, contudo, colocou à prova sua fama. Ele é basicamente um míssil balístico disparado do ar, e segundo Kiev algumas unidades foram derrubadas por suas defesas aéreas.

Os submarinos da classe Iasen estão entre os mais modernos da Rússia, mas tiveram uma gestação prolongada e complexa. O primeiro modelo, o Severodvinsk, começou a ser construído em 1993, logo após o colapso da União Soviética de 1991, mas só atingiu status operacional 20 anos depois. O Tsirkon já foi testado exatamente nesta embarcação, há dois anos.

Os três barcos seguintes, por sua vez, levaram em média seis anos para serem construídos e três, em testes de mar. Os dois próximos submarinos, o Arkhangelsk e o Perm, devem ser lançados para os ensaios no oceano entre este ano e 2024.

A demora decorre da complexidade dos seus sistemas e dos altos custos, com cada submarino devorando estimados R$ 7,5 bilhões para ser produzido. Eles carregam, na versão M, até 40 mísseis de cruzeiro Kalibr, modelo amplamente usado na invasão da Ucrânia, e 32 versões navais do míssil costeiro Oniks.

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