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Rússia busca sufocar a Ucrânia com bombardeios maciços

A pedido de Kiev, está prevista para a próxima quarta-feira uma reunião entre a Otan e a Ucrânia, anunciou a Aliança Atlântica

Redação Jornal de Brasília

04/01/2024 15h25

Foto: SERGEI CHUZAVKOV / AFP

Os intensos bombardeios russos dos últimos dias contra as principais cidades ucranianas buscam, segundo especialistas, sufocar a população e desgastar as defesas antiaéreas da Ucrânia, que voltou a pedir mais armas a seus aliados ocidentais.

A pedido de Kiev, está prevista para a próxima quarta-feira uma reunião entre a Otan e a Ucrânia, anunciou a Aliança Atlântica.

Segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, a Rússia disparou cerca de 300 mísseis e 200 drones explosivos Shahed em dois ataques, em 29 de dezembro e na madrugada de 1º para 2 de janeiro, que causaram a morte de cerca de 50 pessoas.

Um ano depois dos ataques maciços de Moscou contra as infraestruturas energéticas da Ucrânia, esta campanha em pleno inverno afetou instalações civis essenciais e áreas residenciais, segundo Kiev. Moscou, no entanto, como costuma fazer, assegura que visou alvos militares.

Segundo Mick Ryan, pesquisador associado do Center for Strategic and International Studies (CSIS), um dos primeiros objetivos do Kremlin é “pôr à prova” a defesa antiaérea ucraniana, que aumentou sua potência graças ao sistema Patriot americano e a seu equivalente franco-italiano, SAMP/T MAMBA.

A Rússia tem a esperança de que “a Ucrânia fique sem interceptores antes de que a Rússia fique sem mísseis e drones”, disse Ryan, um general australiano reformado, na rede social X.

Moscou mobilizou sua economia para a guerra, enquanto os países ocidentais demoram em administrar a quantidade necessária de mísseis antiaéreos terra-ar à Ucrânia, muito mais complexos e custosos de fabricar que alguns drones construídos em parte com equipamentos civis.

Segundo o Ministério da Defesa britânico, o objetivo principal dos ataques russos é a indústria de defesa que Kiev está tentando fortalecer frente à escassez de entregas de armas ocidentais.

Pressão psicológica

Os russos “agora estão tentando atacar o complexo militar-industrial, as empresas, não as infraestruturas energéticas [como fizeram no inverno passado], mas a produção de armas”, disse à AFP o analista militar Mykola Bielieskov, do Instituto Ucraniano de Estudos Estratégicos.

“Começamos a produzir mais armas do que antes”, disse à AFP Sergiy Zgurets, diretor do centro de pesquisas ucraniano Defense Express, em alusão a munições, drones, veículos blindados e radares.

Segundo o comandante em chefe do exército ucraniano, para o ataque de 1 e 2 de janeiro, a Rússia usou drones, mísseis de cruzeiro modernos, outros antigos e mísseis balísticos.

A Ucrânia também afirma ter derrubado dez mísseis hipersônicos Kinjal, apesar de o Kremlin qualificá-los de “invencíveis” .

O objetivo dos ataques russos também é, como desde o começo da guerra, em fevereiro de 2022, minar o moral da população.

“As ‘vitórias’ russas no terreno são locais e conquistadas a um preço humano exorbitante”, disse à AFP Tatiana Kastueva-Jean, do Instituto Francês de Relações Internacionais.

Segundo a especialista, a mensagem de Putin é “Não vou ceder, vão sofrer sem descanso e morrer se não cumprirem as minhas condições”.

Por sua vez, Tatiana Stanovaya, fundadora do R. Politik, centro de análise da polícia russa, acredita que os últimos ataques russos são uma represália pelos bombardeios ucranianos da cidade russa de Belgorod, que mataram 25 pessoas em 30 de dezembro.

Segundo a analista, a mensagem de Putin é: “a Ucrânia não pode nos atacar sem consequências”.

Diante da ofensiva russa, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, pediu a aceleração das entregas ocidentais de “sistemas adicionais de defesa aérea, drones de combate” e “mísseis com um alcance  de más de 300 quilômetros”.

No mesmo sentido, a Polônia pediu, nesta quarta, para equipar a Ucrânia com mísseis de longo alcance para responder aos ataques russos.

Kiev também está esperando os aviões de combate F-16 prometidos por vários países europeus, que podem participar da defesa antiaérea com mísseis ar-ar.

© Agence France-Presse

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