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Putin acusa Ucrânia de tentar bombardear usina nuclear

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) havia dito algumas horas antes de seu chefe visitar a usina na próxima semana, sem mencionar qualquer tentativa de ataque às instalações

Redação Jornal de Brasília

22/08/2024 12h15

Foto: Gavriil Grigorov / SPUTNIK / AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou nesta quinta-feira (22) a Ucrânia de tentar bombardear a usina nuclear de Kursk, localizada a cerca de 50 km da linha de frente aberta em território russo pelas tropas de Kiev.

Ele não apresentou nenhuma prova ou detalhes do suposto ataque.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) havia dito algumas horas antes de seu chefe visitar a usina na próxima semana, sem mencionar qualquer tentativa de ataque às instalações.

Moscou vem alertando há vários dias sobre a “ameaça” de uma catástrofe nuclear no caso de um ataque à usina pelo Exército Ucraniano, que em 6 de agosto lançou uma incursão militar terrestre sem precedentes na Rússia desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Kiev afirma ter tomado quantidades de localidades russas.

“O inimigo tentou bombardear uma usina nuclear durante a noite”, disse Putin em uma reunião televisionada com membros de seu governo e governadores das regiões fronteiriças da Ucrânia.

O governador da região de Kursk, Alexei Smirnov, disse a Putin que as instalações da usina estavam funcionando sem problemas.

Até o momento, nenhuma autoridade ucraniana comentou as acusações russas.

– “Moderação máxima” –

A Ucrânia e a Rússia foram acusadas repetidamente de ameaçar a segurança nuclear desde o início do conflito, desencadeado pela intervenção militar russa na ex-república soviética há dois anos e meio.

As tropas russas tomaram a usina abandonada de Chernobyl, no norte da Ucrânia, e a usina de Zaporizhzhya, no sul da Ucrânia, a maior da Europa, nos primeiros dias de sua ofensiva militar em grande escala, em fevereiro de 2022.

A usina de Zaporizhzhya continua a operar sob controle russo, que alega que as forças ucranianas bombardearam repetidamente com drones.

No início deste mês, ocorreu um incêndio na torre de resfriamento de Zaporizhzhya, que, segundo as autoridades russas e a AIEA, não teve impacto significativo.

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky acusa a Rússia de “chantagem nuclear”.

Após o início da incursão ucraniana em Kursk, a AIEA pediu “moderação máxima” na área, “para evitar um acidente nuclear que pudesse ter graves consequências radioativas”.

A agência da ONU disse à AFP na quinta-feira que seu diretor geral, Rafael Grossi, visitará a usina “na próxima semana”.

– “Fortalecimento da defesa” –

O ataque surpresa da Ucrânia ao território russo virou o conflito de cabeça para baixo, elevando a moral de suas tropas, que vem lutando há meses para resistir ao avanço russo no leste do país.

Zelensky visitou seu comandante-chefe na quinta-feira, na região fronteiriça de Sumy, de onde a Ucrânia está enviando suprimentos para as tropas que se aprofundaram no território russo.

No entanto, as tropas de Kiev ainda enfrentam grandes reveses na região oriental de Donetsk, onde a Rússia disse na quinta-feira que tomou outro vilarejo.

Zelensky disse que em Sumy ele discutiu “medidas tomadas para fortalecer a defesa em direção a Toretsk e Pokrovsk”, duas cidades ameaçadas pelo avanço russo.

Na Rússia, Putin foi criticado para minimizar a gravidade da incursão ucraniana em suas declarações públicas.

O governador Smirnov disse que 133.000 pessoas fugiram ou foram evacuadas dos distritos fronteiriços desde que a Ucrânia lançou o ataque.

Abrigos antibombas de concreto foram montados em cidades da região na quinta-feira, incluindo Kurchatov, próxima à usina nuclear de Kursk.

Mais de 110 escolas russas próximas à fronteira terão aulas remotamente quando o ano letivo começar em setembro, anunciou o Ministério da Educação na quinta-feira.

A intenção foi ainda mais as mínimas esperanças de que os dois lados planejassem participar de negociações de paz.

A Rússia descartou negociações diretas enquanto houvesse tropas ucranianas em seu solo, e Zelensky rejeitou conversas com Putin e exigiu que Moscou retirasse completamente suas tropas da Ucrânia, incluindo a Crimeia e outros territórios ocupados desde 2014, e pagasse reparações pelo conflito.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, visitará a Ucrânia na sexta-feira para tentar restabelecer os canais diplomáticos.

“A Índia acredita firmemente que nenhum problema pode ser resolvido no campo de batalha”, disse Modi em Varsóvia na quinta-feira, acrescentando que o seu país apoia ‘o diálogo e a diplomacia para restaurar a paz e a estabilidade o mais rápido possível’.

© Agence France-Presse

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