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Presidente da COP28 diz que confia na ciência do clima após críticas

“Nós estamos aqui porque acreditamos e respeitamos muito a ciência”, disse Jaber. “Tudo em que esta presidência tem trabalhado, e continua trabalhando, está focado e centrado na ciência”, insistiu

Redação Jornal de Brasília

04/12/2023 12h21

Foto: KARIM SAHIB / AFP

O presidente da COP28, o emiradense Sultan Ahmed Al Jaber, afirmou nesta segunda-feira (4) que respeita as recomendações científicas sobre a mudança climática, após o vazamento de um vídeo em que ele questiona a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis.

CEO da Adnoc (Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi), Jaber convocou uma entrevista coletiva no quinto dia da conferência do clima da ONU ao lado do principal climatologista da ONU, com o objetivo de explicar seus pontos de vista.

“Nós estamos aqui porque acreditamos e respeitamos muito a ciência”, disse Jaber. “Tudo em que esta presidência tem trabalhado, e continua trabalhando, está focado e centrado na ciência”, insistiu.

O presidente da COP28 reconheceu que as emissões globais de gases do efeito estufa devem ser reduzidas em 43% até 2030, como parte dos esforços para alcançar a meta de neutralidade e limitar o aquecimento a 1,5ºC na comparação com a era pré-industrial.

“Discussão alarmista”

O jornal britânico The Guardian publicou um vídeo no domingo que mostra uma conversa exaltada de Jaber com a ex-primeira-ministra irlandesa Mary Robinson durante um fórum virtual.

“Não estou de forma alguma aderindo a uma discussão alarmista”, disse Jaber na conferência online ‘SHE Changes Climate’, em 21 de novembro.

“Sou factual e respeito a ciência, e não existe nenhuma ciência, ou nenhum cenário, que diga que a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis é o que vai conseguir 1,5º C”, acrescentou o presidente da COP28.

Um dos pontos de maior divergência da COP28 é como mencionar os combustíveis fósseis na declaração final.

Uma disputa de vários anos envolve os países que apontam a necessidade de eliminar gradualmente (“phase out”) esta fonte de energia, que representa mais de 75% do consumo energético mundial, e os que insistem em apenas mencionar a redução do uso (“phase down”).

Até o momento, a posição oficial da presidência da COP28 é de que os combustíveis fósseis “devem ser mencionados” na declaração final.

Jaber se defendeu atacando: ele afirmou que as atuais polêmicas são parte de uma “campanha para minar a presidência”.

A polêmica sobre os combustíveis fósseis é crucial não apenas para grandes produtores, como os Emirados Árabes Unidos (sétimo produtor mundial), mas também para os países em desenvolvimento, como a Índia, contrária à menção do termo “eliminação”.

Outros, como os Estados insulares no Pacífico ou Caribe, lutam para que o mundo aceite que o petróleo, o gás e o carvão devem ser abandonados em definitivo.

“Vou permanecer totalmente concentrado nas negociações, que devem terminar em 12 de dezembro”, insistiu o emiradense, que ressaltou sua condição de engenheiro.

“A única coisa que posso dizer é que o dr. Sultan prestou atenção à ciência nos termos em que conversamos e que a compreendeu totalmente”, afirmou o presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Jim Skea, que citou o principal relatório sobre o tema.

“Ao observar os cenários em que o aquecimento global se limita a 1,5ºC, sem excesso ou com muito pouco excesso em 2050, o uso de combustíveis cai consideravelmente, sem medidas de redução”, disse.

Jaber concedeu uma entrevista ao jornal The Guardian em 13 de julho, na qual afirmou que a “redução (“phase down”) do uso dos combustíveis fósseis é inevitável e essencial”.

As negociações na COP28 entraram na fase de consultas intensas para um primeiro rascunho geral da declaração final que deve ser preparado até o meio da semana.

 

© Agence France-Presse

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