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Mundo

Mexicana é condenada a 100 chibatadas após denunciar abuso sexual

Uma corte em Doha inocentou o homem da acusação e condenou a mexicana

Redação Jornal de Brasília

21/02/2022 18h31

Foto: Reprodução/Youtube/SinEmbargo Al Aire

Uma mexicana de 27 anos, que trabalhava no Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022, foi condenada a 100 chicotadas e a sete anos de prisão após denunciar um abuso sexual no Catar.

Paola Schietekat conheceu o agressor, um colombiano, durante o trabalho nos preparativos para a  Copa do Mundo. Em junho de 2021, ele teria invadido o apartamento dela, em Doha, enquanto a mesma dormia e cometeu agressão e estupro contra a vítima.

Ela denunciou o caso e ela e o advogado apresentaram um laudo médico e imagens dos hematomas deixados nos braços, ombros e costas da vítima. “Quando me perguntaram se eu queria uma ordem de restrição, não fazer nada ou ir até as últimas instâncias eu congelei, pelo choque, por medo e por falta de sono. Voltei a consultar o cônsul, que recomendou ir até o fim”, disse Paola em entrevista ao jornalista Julio Astillero.

Após ela apresentar o depoimento à polícia, ela foi chamada novamente à delegacia onde foi colocada cara a cara com o agressor. O agressor afirmou que eles tinham um relacionamento amoroso. Após isso, ela deixou de ser tratada como vítima e passou a responder por adultério.

Uma corte em Doha inocentou o homem da acusação e condenou a mexicana.

Em um relato publicado por ela no site do jornalista Julio Astillero, Paola denuncia as “leis retrógradas” do país que vai receber a Copa do Mundo este ano. “A Copa do Mundo está prestes a ser realizada no mesmo país onde uma mulher não pode obter a guarda de seus filhos após o divórcio. Sem uma postura firme por parte da comunidade internacional, leis draconianas, retrógradas e até absurdas encontrarão um pequeno buraco para continuar se justificando, à sombra de grandes eventos esportivos ou culturais”, afirma.

Após a sentença, a empresa Supreme Committee for Delivery and Legacy, junto ao Comitê Organizador da Copa do Mundo e da ONG Human Rights Watch intermediou a saída emergencial de Paola do Catar, no dia 25 de julho de 2021. “Nunca respirei mais aliviada do que quando carimbaram meu passaporte. No México, a adrenalina diminuiu e começou um processo mais lento, ainda que igualmente complexo e doloroso”, afirma.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do México afirma que tem prestado todo o apoio a Paola. O secretário de Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard Casaubon, informou pelo Twitter, na última sexta-feira (18), que teve uma reunião com Paola e que o governo do México a defenderá judicialmente. “Nosso melhor advogado estará a cargo de de defender ela e que sejam respeitados todos os seus direitos como cidadã mexicana”, disse.

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