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Mundo

Mesmo habituados à guerra, iraquianos se chocam com novo ataque

Arquivo Geral

23/11/2006 0h00

Um carro enfeitado com fitas e flores para um casamento está em chamas, ambulance a rua tem poças de sangue e pedaços de corpos espalhados, e o cheiro de carne queimada toma conta do ambiente.

Minutos antes, cerca de 100 quilos de explosivos em um carro espalharam pedaços de metal que fizeram inúmeras vítimas entre as pessoas que faziam compras durante a tarde em um movimentado mercado na favela xiita de Sadr City, em Bagdá, onde vivem mais de 2 milhões de pessoas.

Em um espaço de poucos minutos, várias outras bombas explodiram no bairro, reduto do clérigo xiita Moqtada Al Sadr. Pelo menos 160 pessoas morreram e 257 ficaram feridas, num incidente que deixa o país ainda mais próximo de uma guerra civil.

"Havia poças de sangue na rua, e vi crianças mortas", disse Karim Al Rubaie, um fotojornalista que estava no mercado para comprar uma pia quando o carro explodiu.

"Fui na direção do local da explosão e um segundo carro explodiu atrás de mim, bem em frente ao escritório de Sadr. Todos corriam e gritavam, e a maioria dos corpos estava carbonizada, outros estavam destroçados", afirmou.

Numa rua devastada, chamas e uma densa fumaça preta saíam dos carros e microônibus atingidos, enquanto as pessoas retiravam cadáveres e tentavam conter o incêndio.

Mesmo para os iraquianos, já habituados a atentados e tiroteios diários nos bairros, foi uma cena infernal.

"Maliki é um filho de um cão", gritavam os moradores, irritados com a falta de segurança no governo do primeiro-ministro Nuri Al Maliki, também xiita.

Em parte graças à oposição de Sadr à ocupação norte-americana, o subúrbio que leva o nome da sua família escapou relativamente ileso dos atentados da insurgência sunita.

Mas o atentado de fevereiro contra uma mesquita xiita de Samarra agravou a divisão entre a minoria sunita e a maioria xiita do Iraque. Com o aumento da violência sectária, Sadr City começou a testemunhar ataques nos últimos meses.

Líderes xiitas, sunitas e curdos que participam do governo de união nacional foram à TV depois do ataque pedir calma, mas o fato é que as divisões internas parecem incontornáveis.

A Operação Juntos Avante, iniciada em agosto por milhares de soldados norte-americanos e iraquianos para tentar conter a violência em Bagdá, foi qualificada por comandantes dos EUA como a batalha definitiva da guerra, mas a violência continua sem dar trégua.

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