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Mais uma vez, republicanos se unem por Trump

“O veredicto do tribunal, que busca desqualificar o presidente Trump das primárias do Colorado, é um ataque partidário mal disfarçado”

Redação Jornal de Brasília

20/12/2023 21h29

Foto: Ed JONES / AFP

A decisão de um tribunal do Colorado, que declarou na terça-feira Donald Trump inelegível para as primárias nesse estado dos Estados Unidos, foi fortemente criticada como “ingerência eleitoral” pelos republicanos, uma nova demonstração do domínio do ex-presidente sobre seu partido a apenas um mês das primárias para as eleições de 2024.

Representantes, senadores, candidatos à presidência, um por um, os pesos pesados do conservadorismo rejeitaram o espetacular veredicto que proíbe o nome de Trump de aparecer na cédula eleitoral desse estado americano pela suposta participação do magnata no ataque ao Capitólio.

“O veredicto do tribunal, que busca desqualificar o presidente Trump das primárias do Colorado, é um ataque partidário mal disfarçado”, criticou o líder republicano do Congresso, Mike Johnson.

“É uma ingerência eleitoral flagrante”, criticou o influente legislador conservador Steve Scalise. “Vivemos em uma democracia, não em uma república bananeira”, acrescentou o republicano Randy Weber.

Deixado de lado por uma parte de seu partido após o caos de 6 de janeiro de 2021, o magnata de 77 anos voltou indubitavelmente a assumir o controle do Partido Republicano, apesar de responder a quatro acusações criminais.

Apoio dos adversários

Até mesmo o governador da Flórida, Ron DeSantis, um dos poucos adversários de Trump que aparece com chances de competir com ele pela indicação republicana, expressou apoio ao ex-presidente.

A decisão no Colorado está baseada em “motivos errôneos” e deve ser “anulada pela Suprema Corte” dos Estados Unidos, disse DeSantis na terça-feira à noite. A decisão está suspensa até 4 de janeiro para dar à Suprema Corte a oportunidade de debater e julgar o caso.

Outra adversária de Trump e atualmente a terceira nas pesquisas, Nikki Haley, também expressou seu apoio. “Não precisamos de juízes tomando essas decisões, mas dos eleitores”, disse a candidata a repórteres em um evento em Iowa.

Em menos de um mês, este estado inicia o processo das primárias republicanas, para as quais Trump é o favorito claro.

Desde o início da campanha, tanto DeSantis quanto Haley evitam ataques ao ex-presidente por medo de ofender sua base, que ainda é bastante fiel.

“Para ter uma chance de ganhar, eles precisam reunir um grande número de apoiadores de Trump, algo que não podem fazer atacando Trump”, explicou o cientista político Larry Sabato à AFP.

Dessa forma, os rivais de Trump também não rejeitam a teoria do magnata de que ele seria alvo de uma “caça às bruxas” orquestrada por Joe Biden para evitar que concorra nas eleições.

Candidato à reeleição, Biden geralmente evita comentar os problemas judiciais de seu provável oponente para não alimentar suas acusações de instrumentalização da justiça.

Nesta quarta-feira, no entanto, o presidente endureceu o tom ao afirmar que seu antecessor “certamente apoiou uma insurreição” em 6 de janeiro de 2021.

“Cada questão contra a qual luto é obra do Departamento de Justiça e da Casa Branca”, replicou Trump em sua rede social, a Truth Social, antecipando o tipo de trocas de farpas que ambos terão em 2024.

Fora das regras

Entre os dias de primárias e os julgamentos, não há dúvida de que os Estados Unidos se preparam para viver um ano extraordinário em todos os sentidos, com idas e vindas entre tribunais e comícios políticos.

Até agora, para o republicano não se descarta um eventual período na prisão, assim como um retorno à Casa Branca, situações fora do comum das quais Trump se aproveitou.

A cada reviravolta em seus casos judiciais, Trump parece conseguir reverter a narrativa e arrecadar somas exorbitantes em doações de campanha e subir nas pesquisas, graças a seus apoiadores convencidos de que ele é vítima de uma perseguição política.

Sua equipe não esperou para se aproveitar da decisão judicial do Colorado, embora tenha afirmado que apelará perante a Suprema Corte em Washington. Ao mesmo tempo, satura os seguidores de Trump com pedidos de doações.

“Curiosamente, o tribunal do Colorado provavelmente fortaleceu Trump”, estimou o professor Sabato. “Quanto mais ele for percebido como vítima de um ‘establishment’ liberal e injusto, mais suscetível será de unir os eleitores republicanos”, previu o professor da Universidade de Virgínia.

© Agence France-Presse

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