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Macron diz a Putin que espera ‘iniciar desescalada’ da crise na Ucrânia

O líder francês, cujo país ocupa a presidência rotativa da União Europeia, é o primeiro líder ocidental de alto nível a se encontrar com Putin

Redação Jornal de Brasília

07/02/2022 16h05

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta segunda-feira (7) em um encontro com seu colega russo, Vladimir Putin, que deseja “iniciar uma desescalada” da crise na Ucrânia, um esforço pelo qual a Rússia agradeceu.

“Nosso continente está hoje em uma situação muito crítica, o que nos obriga a ser extremamente responsáveis”, disse Macron, sentado em uma ponta de uma longa mesa branca no salão do Kremlin e a vários metros de Putin.

O líder francês, cujo país ocupa a presidência rotativa da União Europeia (UE), é o primeiro líder ocidental de alto nível a se encontrar com o presidente russo desde que as tensões aumentaram em dezembro.

Na terça-feira, ele se reunirá com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, se reúne nesta segunda-feira com o presidente americano, Joe Biden, em Washington para buscar a unidade dos países ocidentais, confrontados com o mais importante conflito com a Rússia desde o fim da Guerra Fria.

Os Estados Unidos dizem que Moscou tem 110.000 soldados mobilizados perto da fronteira ucraniana e está a caminho de adicionar 150.000 soldados para lançar uma invasão em meados de fevereiro.

Moscou nega que queira invadir seu vizinho, mas indica que quer garantias de segurança para diminuir as tensões.

Evitar a guerra

“A discussão pode iniciar uma desescalada, para onde queremos ir”, declarou Macron. Segundo o presidente, essa “resposta útil” deve “evitar a guerra” entre Rússia e Ucrânia e “construir elementos de confiança, estabilidade, visibilidade para o mundo inteiro”.

Vladimir Putin, que saudou os esforços franceses, disse ter “a mesma preocupação em relação ao que está acontecendo com a segurança na Europa”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, havia indicado pela manhã que Macron havia prometido vir “com ideias visando uma distensão”, antes de dizer que a situação era “muito complexa para esperar um progresso decisivo após uma única reunião”.

No avião para Moscou, o presidente francês havia explicado que o objetivo do encontro era “reduzir o campo de ambiguidade para ver onde estão os pontos de divergência e convergência”.

Para Putin, ele insistiu que sua posição era “coordenada” com seus aliados europeus e americanos.

Moscou está buscando garantias da Aliança Atlântica de que a Ucrânia não se juntará ao grupo e quer que o bloco retire suas forças dos países membros do Leste Europeu.

Nada sem os ucranianos

Os ocidentais rejeitam essas exigências e propõem, para acalmar as preocupações russas, gestos de confiança como visitas recíprocas a instalações militares ou medidas de desarmamento. Algumas medidas “positivas”, mas “secundárias”, segundo Moscou.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, acusou a Rússia nesta segunda-feira de querer “criar uma lacuna entre a Ucrânia e seus parceiros” em uma entrevista coletiva com sua colega alemã, Annalena Baerbock.

Um pouco antes, Kuleba disse que Kiev não mudaria suas “linhas vermelhas”: “sem concessões em todo o território” e “uma retirada duradoura das forças russas da fronteira ucraniana e dos territórios ocupados”.

Macron prometeu que nenhum “compromisso sobre a Ucrânia sem os ucranianos” seria firmado.

A Rússia já invadiu uma parte da Ucrânia em 2014, quando anexou a península da Crimeia após a revolta pró-Ocidente em Kiev. As sanções internacionais contra Moscou não tiveram efeito na linha do Kremlin.

Desde 2014, separatistas pró-Rússia, apoiados por Moscou, lutam contra o exército ucraniano no leste do país. Vários acordos de paz, mediados por Paris e Berlim, permitiram a interrupção dos combates, mas a resolução política do conflito está paralisada.

Macron deseja a retomada deste processo.

O chefe da diplomacia alemã lembrou a Kiev que os países ocidentais imporão fortes sanções econômicas à Rússia se decidir invadir a Ucrânia, embora isso também possa afetar a Alemanha. “Estamos dispostos a pagar um alto preço econômico, porque o que está em jogo é a segurança da Ucrânia”, disse.

Paralelamente ao destacamento diplomático, a Alemanha anunciou um reforço do seu contingente na Lituânia com o envio de 350 militares adicionais e o Reino Unido informou que enviará 350 soldados para a Polônia.

Os Estados Unidos estão liderando o número de tropas na Europa, enquanto a inteligência dos EUA alerta que a Rússia já possui 70% do equipamento necessário para uma invasão em grande escala da Ucrânia.

Desta maneira, a Rússia poderia tomar a capital do país vizinho, Kiev, em 48 horas.

A operação poderia levar à morte de até 50.000 civis, 25.000 soldados ucranianos e 10.000 militares russos, com uma onda de até cinco milhões de refugiados, de acordo com os funcionários da Inteligência americana.

© Agence France-Presse

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