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Israel intensifica bombardeios em Gaza apesar de divergências com os EUA

A resposta israelense provocou 18.787 mortes, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas

Redação Jornal de Brasília

14/12/2023 13h45

Israel intensificou seus bombardeios na Faixa de Gaza nesta quinta-feira (14), apesar dos indícios de impaciência dos Estados Unidos, seu principal aliado, que enviou um funcionário de alto escalão da Casa Branca a Jerusalém.

A guerra, que já tem mais de dois meses, começou após os ataques de 7 de outubro do grupo islamista palestino Hamas contra Israel, que segundo as autoridades deixaram cerca de 1.200 mortos, a maioria civis.

A resposta israelense provocou 18.787 mortes, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

Segundo o ministério, os bombardeios israelenses na manhã desta quinta-feira mataram pelo menos 67 pessoas na Faixa de Gaza.

Na cidade de Khan Yunis, uma nuvem de fumaça emergiu dos escombros, que as pessoas tentavam retirar utilizando pás e as próprias mãos.

“Cerca de quatro pessoas ainda estão sob os escombros” depois que um avião atingiu o prédio “sem aviso prévio”, contou Hassan Bayyout, de 70 anos.

Na Cisjordânia, que também registrou um aumento da violência desde 7 de outubro, a Autoridade Palestina anunciou que “um jovem” morreu no ataque israelense contra a cidade de Jenin.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cujo governo forneceu bilhões de dólares em ajuda militar a Israel, fez na quarta-feira (13) a crítica mais dura até o momento, ao afirmar que o “bombardeio indiscriminado” israelense contra Gaza enfraquece o apoio internacional.

Apesar da crítica, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou que seu país continuará “até o fim, até a vitória”.

O ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen, destacou, por sua vez, que a guerra contra o Hamas continuará “com ou sem apoio internacional”.

“Divergências” entre aliados

O conselheiro de Segurança Nacional de Biden, Jake Sullivan, deve se reunir com Netanyahu e seu gabinete de guerra em Jerusalém, nesta quinta-feira.

Antes da viagem, Sullivan declarou em um evento do Wall Street Journal que discutirá um calendário para o fim da guerra e que pretende pedir às autoridades israelenses para “avançar a uma fase diferente das operações de alta intensidade que vemos hoje”.

Netanyahu também admitiu “divergências” com Washington sobre como Gaza será administrada depois do conflito.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, declarou na quarta-feira que “qualquer discussão sobre Gaza ou a causa palestina sem a presença do Hamas, ou das facções da resistência, será uma ilusão”.

Uma pesquisa publicada na quarta-feira pelo Centro Palestino de Pesquisa e Pesquisa Política indicou que Haniyeh conta com o apoio de 78% dos habitantes dos Territórios Palestinos, em comparação aos 58% de antes da guerra.

Além da pressão americana, esta semana a Assembleia-Geral da ONU votou esmagadoramente a favor de um pedido de cessar-fogo não vinculante, mas os Estados Unidos decidiram contra a maioria.

O chefe da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, indicou na quarta-feira que os habitantes de Gaza “enfrentam o capítulo mais sombrio da sua história”.

“Pausas táticas”

A ONU calcula que 1,9 milhão de pessoas dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocadas e vivem em tendas e que os fornecimentos de alimentos, água potável, medicamentos e combustível estão acabando.

O órgão do Ministério da Defesa de Israel encarregado dos assuntos civis palestinos, COGAT, afirmou que o Exército “está permitindo pausas táticas para fins humanitários”. Uma delas ocorreu por quatro horas em um bairro da cidade de Rafah, transformado em um grande campo de deslocados, para permitir que os civis reabastecessem os suprimentos, indicou.

A ONU alertou que a propagação de doenças e o sistema de saúde de Gaza estão em ruínas. As autoridades do Hamas afirmaram, por sua vez, que estão sem vacinas para crianças, acrescentando que as consequências são “catastróficas”.

Na terça-feira, o Hamas afirmou que as forças israelenses “invadiram o Hospital Kamal Adwan” na cidade de Gaza. Na quinta, o Exército de Israel sinalizou que “mais de 70 terroristas deixaram o hospital com armas nas mãos” e indicou que suas tropas mataram “vários” combatentes durante os confrontos na área.

Israel acusa frequentemente o grupo islamista de usar túneis sob hospitais, escolas e mesquitas para fins militares. O Hamas rejeita estas acusações.

Tanques israelenses bombardearam Gaza a partir da zona da fronteira sul de Israel, enquanto os combatentes do Hamas continuaram a disparar foguetes contra o seu território.

O Exército israelense contabilizou a morte de 116 soldados desde o início do ataque do movimento islamista, e que enfrenta crescente pressão para a libertação dos reféns sequestrados pelo Hamas.

Depois de dezenas de pessoas terem sido libertadas durante uma trégua, as autoridades de Israel afirmam que 118 dos 240 reféns ainda estão vivos em Gaza.

Já na fronteira com o Líbano, continuam os confrontos entre o Hezbollah e o Exército israelense, que, confirmou ter atacado a infraestrutura deste grupo aliado do Hamas.

 

© Agence France-Presse

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