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Mundo

Israel e Palestina têm semana mais sangrenta do século

Na linha do tempo mais recente dos combates entre israelenses e palestinos, o ano mais violento até então havia sido 2014

Redação Jornal de Brasília

12/10/2023 7h43

NÍCHOLAS PRETTO E PAULO SOPRANA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Os últimos cinco dias de confronto entre Israel e a organização terrorista palestina Hamas registram ao menos 2.300 mortes, um de cada seis óbitos do conflito neste século —o balanço não inclui os 1.500 integrantes da facção que Israel diz ter matado dentro do país.

Foram mais mortes de israelenses do que a soma de óbitos nos conflitos dos últimos 20 anos na região de Gaza, Israel e Cisjordânia —historicamente, os palestinos morrem em escalas muito maiores nos confrontos.

Desde o início da Segunda Intifada, no começo deste século, os registros máximos de vítimas israelenses em uma semana eram de 33 e 30, em semanas de 2001 e de 2002, anos de conflitos violentos entre os dois lados.

Mas quando o Hamas lançou a ofensiva contra Israel no sábado (7), deu início a um conflito em que já morreram ao menos 1.200 israelenses —o triplo do verificado no ano mais letal para Israel até então, em 2002, com o registro de 420 óbitos.

Os dados históricos analisados pela Folha são da base da B’Tselem, organização israelense de direitos humanos que registra mortes civis e militares de confrontos na região, e as informações sobre as mortes recentes são de órgãos oficiais de ambos os lados em conflito.

Na linha do tempo mais recente dos combates entre israelenses e palestinos, o ano mais violento até então havia sido 2014, quando Israel lançou a Operação Margem Protetora, com o intuito de destruir foguetes e túneis em Gaza. O confronto de 50 dias matou 2.270 palestinos e 82 israelenses. A operação foi uma resposta à prisão de membros do Hamas por Israel na Cisjordânia depois do assassinato de três adolescentes israelenses.

Outro período de choque violento entre Israel e Hamas foi em 2008 e 2009, quando Israel lançou a chamada Operação Chumbo Fundido contra ataques com foguetes feitos pela facção terrorista em Gaza. O saldo de mortes foi de 45 israelenses e de 1.922 palestinos.

Em 2002, numa resposta de Israel à Segunda Intifada, 419 pessoas morreram do lado de Israel e 1.034 do lado palestino. À época, militares israelenses avançaram em territórios palestinos na Cisjordânia, num choque que chegou a matar 200 palestinos em 10 dias. O conflito perdurou até 2004, com a morte de Ahmed Yassin, então líder do Hamas.

Em 23 anos, os confrontos deixaram 11.766 mortes de palestinos e 2.531 de israelenses –já considerando os números do atual embate.

A agência de coordenação de ajuda humanitária das Nações Unidas (Ocha, na sigla em inglês) contabiliza que, nos últimos 15 anos, o número de feridos devido a conflitos bélicos em Gaza, Cisjordânia e Israel passava de 126,2 mil palestinos e de 6.100 israelenses até setembro, poucos dias antes da intensificação da disputa.

A classificação de feridos dada pela organização se refere a civis e militares que receberam algum tipo de tratamento médico. Não inclui estresse pós-traumático ou algum distúrbio psicológico causado pela guerra.

Ao menos 21 crianças israelenses (16 meninos e cinco meninas) morreram nos confrontos até setembro, portanto pouco antes do atual conflito. Do lado palestino, foram 1.437 mortos, sendo 80% meninos. Considerando feridos, são 524 crianças de Israel e 28,5 mil da Palestina. Os dados da ONU decorrem apenas de confrontos entre os dois lados no contexto de ocupação.

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